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Sessão de 5 de Dezembro de 1917 19

quando tal congresso acabou, os alunos procuraram-me para apresentar novas reclamações, que prejudicavam todas as que anteriormente me tinham apresentado.

Ora, Sr. Presidente, quem pretende que as questões sejam resolvidas som demora não vem apresentar umas reclamações sôbre outras, fazendo assim demorar a consulta e o estudo das estações competentes.

Perante os alunos que então me procuraram, eu defendi a doutrina de que deveriam voltar às aulas, mas todos, e não apenas uns ou outros, não rompendo a greve, mas sim resolvendo todos termina Ia, com a plena consciência dos seus interesses e até dos seus direitos.

Essa comissão de alunos saiu do meu gabinete prometendo que no dia seguinte em todos os liceus do país as aulas funcionariam e que para tal fim telegrafaria aos seus colegas da província; todavia, no dia seguinte a greve continuava nos liceus de Lisboa e da província e, quando os comissionados voltaram a falar-me e lhes mostrei a contradição existente entre as suas promessas e os factos ocorridos, não hesitaram em manifestar-me o seu desgosto pelo procedimento dos seus colegas.

Não lhes atribuí culpa nenhuma. Disse-lhes até que tam convencido estava da sua boa fé, pela maneira correcta e liai que tinham demonstrado, que lhes mandei tirar as faltas, não só daquele dia, mas as do dia imediato.

O que é certo, porêm, é que a parede continuou e dos vários pontos do país, de parte dos pais dos alunos e dos encarregados da sua educação, eu recebi telegramas redigidos por esta forma:

Leu.

Aqui tem V. Exa. as imposições que começaram a ser enviadas ao Ministério de Instrução.

Eu, que tinha recebido as reclamações dos estudantes, eu, que tinha mandado ouvir sôbre elas as estações competentes, vi o meu trabalho todo perdido, porque já não era preciso ouvir essas estações.

De maneira que me era indicado um único caminho: suspender o regulamento, porque de contrário os meninos não iam mais às aulas.

Se da minha parte tinha havido alguma intransigência, foi, não em relação aos estudantes, e isso não admirava porque eu tambêm fui estudante, tambêm tive greves, tambêm soube como me comportei na difícil ocasião da academia de 1899, quando houve a festa do centenário da sebenta, em que se fazia a crítica mais extraordinária ao ensino universitário dêsse tempo, aos velhos preceitos e a tudo aquilo que representava menos liberdade para com os alunos.

Eu não fui intransigente para com os estudantes, e se o fôsse seria para com os pais e encarregados da instrução dos alunos, os quais afirmavam ao Sr. Ministro de Instrução que os seus filhos ou educandos não iriam às aulas emquanto o regulamento não fôsse suspenso.

Pois ouça, Sr. Ramada Curto: para ceder às imposições dos alunos, pode vir para aqui qualquer pessoa, e é escusado o Sr. Ministro de Instrução, porque fácil será então ser pedagogo. Mas emquanto eu aqui estiver, não porque esteja neste lugar para prestigiar os meus pequenos caprichos, mas para zelar a dignidade do Poder, não transigirei a pedidos feitos duma maneira impositiva, porque é preciso dar o exemplo de ordem e disciplina dentro duma sociedade que nesta hora bem carece destas qualidades.

Estou aqui, não para ser apenas um mero joguete de quem quer que seja - de rapazes ou de homens velhos - mas para cumprir o meu dever, sem pinguem ter o direito de me pôr facas aos peitos, obrigando-me a tomar esta ou aquela resolução.

Se assim fôsse preferia ir-me embora.

A questão estava nestes termos e ou aguardava as respostas do Conselho Superior de Instrução Pública, dos conselhos escolares e da comissão que elaborara o regulamento.

E, Sr. Presidente, tendo eu entregue as reclamações a essas repartições para as estudar, e como havia de resolver a questão, prescindindo dos seus pareceres, dos seus esclarecimentos, dos ensinamentos da sua experiência? Nada mais podia fazer alêm do que fiz: pedir às entidades consultadas que dessem os seus pareceres com urgência, a fim de sem grande demora me ser possível resolver a questão e fazer quanto em mim coubesse para se sanar o conflito, senão proferida a minha deliberação no dia seguinte àquele em que no meu Ministério entrou o último parecer.