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Sessão de 5 de Dezembro de 1917 17

procedendo assim, V. Exa. obedeceu a um voto da Câmara, visto que ela mandara baixar o assunto à comissão de instrução, sem prejuízo do cumprimento integral do diploma.

Sr. Ministro! Onde haveria, em toda esta Câmara dos Deputados, o mais feroz oposicionista que ousasse levantar a sua voz contra V. Exa.. quando, aberto o Parlamento, V. Exa. viesse dizer-nos: Houve um movimento de rapazes a propósito do regulamento do ensino liceal. Obedecendo ao critério disciplinador, ordenei que se marcasse falta a todos que não frequentassem as aulas. Consultei os técnicos e as estações competentes e tomei a liberdade de suspender as deliberações da Câmara, consignadas no regulamento, porque houve um movimento de opinião contra êle.

O Sr. Ministro de Instrução Pública (Barbosa de Magalhães) (interrompendo): -
Em que fundamentar a minha resolução?

O Orador: - No parecer dos competentes conselhos escolares.

O Sr. Ministro de Instrução Pública (Barbosa de Magalhães): - Dos conselhos escolares apenas um propôs a suspensão do regulamento. Muitos e muitos são a favor do regulamento.

O Orador: - Há o parecer da comissão de Instrução Pública. Não quero que seja trazida aqui a fita animatográfica do que nela se passou. Para a informação basta-me a leitura do respectivo relatório. Basta tambêm ler os pareceres dos conselhos escolares do país para se saber se houve ou não razão para se agitar uma opinião que não era de rapazes, mas sim de professores.

Não fica mal contemporizar por vezes.

O que aí se está fazendo hoje é que é inconcebível. São os pais mais timoratos e medrosos a aconselharem os alunos: "Vão para a aula, porque vocês passam e os outros ficam reprovados".

O Sr. Ministro de Instrução Pública (Barbosa de Magalhães) (interrompendo): - Não aconselhei nunca isso; era incapaz de aconselhar tal cousa. O que eu não podia era dizer que estavam num movimento justo aqueles que tinham entrado nele, não tendo contra mim uma razão de queixa; o que eu não podia era continuar a aceitar discussão com quem se apresentava numa atitude contrária à ordem e à disciplina. (Muitos apoiados).

O Orador: - V. Exa., com a sua interrupção, o que pretende? Concitar os apoiados da maioria?

O Sr. Ministro de Instrução Pública (Barbosa de Magalhães): - Não, não quero os apoiados da maioria, nem os da galeria.

O Orador: - Eu e o Sr. Ministro exaltamo-nos um pouco, mas, deixe-me S. Exa. dizer-lhe, estou convencido que V. Exa. vai arranjar solução.

Eu estou convencido de que V. Exa. há-de achar solução, porque V. Exa. é um espírito muito inteligente e uma pessoa de muita bondade. (Apoiados).

V. Exa., com estas qualidades, pode, neste momento, achar uma solução, e eu vou ajudar V. Exa. nessa solução, sem obrigar os escolares do meu país a entrarem pela porta da baixeza, mas confiando no Parlamento da República. (Apoiados).

O Parlamento da República vai tratar desta questão, e eu espero que os escolares do meu país voltem às aulas.

Nós vamos cumprir o nosso dever; nós estamos numa Câmara republicana e não na Câmara franquista de 1907.

Que os pais e escolares do meu país esperem confiadamente na solução do Parlamento, que não se fará esperar para honra da República, para dignificação da Pátria e prestígio da raça portuguesa. (Apoiados).

O orador foi cumprimentado.

Não reviu.

O Sr. Ministro de Instrução Pública (Barbosa de Magalhães): - Sr. Presidente: começo por dirigir as minhas saudações ao ilustre orador que acaba de falar. S. Exa. terminou o seu discurso fazendo uma invocação e dirigindo-me palavras de amabilidade, que muito agradeço. S. Exa. dirigiu-se à mocidade das escolas e aos pais, dizendo-lhes que esperem, que confiem no Parlamento da República. Tem