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Sessão de 12 de Dezembro de 1918 11

sem acarretar gravíssimos perigos para a defesa nacional, pois o inimigo conheceria assim os documentos que serviram de base à acusação.

Pelo menos foi o que relataram os jornais franceses.

Desde que o Sr. Secretário de Estado do Interior veio aqui dizer que não podia fornecer publicamente as provas que fundamentaram a prisão do Sr. Teles de Vasconcelos, mas que oportunamente prometia trazê-las, o caminho que à maioria estava indicado era votar a prisão, e pedir para que o Sr. Secretário de Estado do Interior na primeira oportunidade apresentasse os motivos que originaram essa prisão.

A minoria monárquica, que tem o direito de pedir uma sessão secreta, deve fazê-lo.

Eu preferiria que sôbre êste caso não se tivesse gasto tanto tempo, nem se tivesse falado tanto para que lá fora, a propósito do caso Teles Vasconcelos, como já lho chamam, não se proferisse tanta cousa inverosímil, não circulassem tantos e tantos boatos, e que à roda de tudo isto se não fizesse tanto escarcéu. Preferia que limitássemos a nossa conduta a esperar que o Sr. Secretário do Interior dêsse os necessários esclarecimentos à Câmara.

São estas as últimas palavras da maioria sôbre o assunto.

O orador não reviu.

O Sr. Alberto Navarro: - Sr. Presidente: como não vejo presente o Sr. Secretário de Estado do Interior, pregunto se algum membro do Govêrno toma a responsabilidade por êle neste caso.

O Sr. Tamagnini Barbosa (Secretário de Estado das Finanças): - Mandei comunicar ao meu colega do Interior que se estava discutindo já a questão relativa à prisão do Sr. Teles de Vasconcelos, e S. Exa. respondeu-me que viria dentro em pouco; mas emquanto S. Exa. não comparece, pediu-me para responder às considerações que qualquer membro desta Câmara fizesse, sôbre o assunto.

O Sr. Secretário de Estado não reviu esta declaração.

O Orador: - Primeiro que tudo, e sem quebra da consideração que tributo por V. Exa., que é muita, permita-me, Sr. Presidente, que eu estranhe, e deixe consignada essa estranheza, de se ter dado feriado no dia de ontem quando estava na tela da discussão uma questão tam importante e tam grave como aquela de que se trata (Apoiados); muito grave, não só porque se refere à liberdade dum homem, e dum homem que é membro desta Casa, mas, mais ainda, porque afecta o prestígio do Parlamento, cujas prerrogativas, cujas unidades são calcadas e postergadas. (Apoiados).

Eu não podia deixar de levantar o meu protesto, e estou respondendo desde já ao ilustre leader da maioria quando disse que a questão se estava arrastando. Tenho a dizer a S. Exa. que a culpa não é nossa, mas da maioria. (Apoiados). Nós queremos esta questão liquidada desde o primeiro dia. (Apoiados). Quem não deve, não teme. (Muitos apoiados da direita).

Sr. Presidente: ouvi dizer ao ilustre deputado, a quem me cabo a honra de responder, que a questão estava morta depois que a pôs o Sr. Aires de Ornelas. Com efeito, é verdade. Depois que o ilustre leader dêste lado da Câmara falou e apresentou os seus argumentos, eu ainda não ouvi rebater, nem por parto do Sr. Secretário de Estado do Interior nem por parte do Sr. Deputado que acabou de falar, um só argumento. (Apoiados). Disseram que a questão tinha sido posta solidamente. Mas, Sr. Presidente, as questões não se põem branda nem solidamente por serem mais ou menos apresentadas com palavras dóceis ou em alta grita. As questões não se põem solidamente por se rechearem, de apóstrofes violentas ou diatribes; põem-se, sim, tanto mais solidamente quando recheadas de argumentos, como os apresentou o Sr. Aires de Orne-las. (Apoiados).

A serenidade é o apanágio da fôrça! (Apoiados). Quem tiver a justiça e a verdade pelo seu lado não precisa de empregar apóstrofes, nem malsinações, nem gritaria! (Apoiados).

É possível, é natural que a minha forma de falar contrarie aquilo que eu acabo de dizer, mas isso é próprio do meu temperamento e dos meus nervos, que eu, infelizmente, ainda não sei dominar.

Seguindo na mesma esteira dos meus colegas dêste lado da Câmara, não pre-