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14 Diário da Câmara dos Deputados

Eu podia estar sentado nessas cadeiras, mas se me viessem dizer: prenda êste Deputado, eu não o faria sem provas (Apoiados). Primeiro queria provas (Apoiados).

Sr. Presidente: já que a censura me corta o que eu escrevo nos jornais, eu venho aqui falar para que o país me ouça.

V. Exas. julgam que o Govêrno inglês, se não tivesse provas na sua mão, procederia assim?

Mas é tambêm extraordinário como os Srs. mandaram levianamente prender Homem. Cristo. Não podiam, sob pena de jogarem os seus lugares, prender aquele homem, que foi o maior baluarte que os aliados tiveram em terra portuguesa.

Sim, meus senhores, aquele homem com o sen jornal duma tiragem de 40:000 exemplares, ao lado de Eduardo de Sonsa tambêm, com o seu jornal do larga circulação, fez a larga campanha a favor dos aliados. Êste homem, que, estou convencido (e garanto-o pela minha honra) não conspirou, foi o maior baluarte dos aliados em Portugal. Pois os Srs. prenderam êsse homem e com êle outros sem motivo nenhum!

Sr. Presidente: lá fora há o máximo respeito pelas liberdades individuais, sobretudo o máximo respeito pelas Constituições.

É O s se respeito que faz com que a Inglaterra mais uma vez triunfo e, desta vez do mais extraordinário colosso que tem aparecido em todos os tempos.

Em Portugal, Sr. Presidente, é o contrário.

Qualquer agente da preventiva, prende, seja quem for, à sua vontade.

Os monárquicos avançaram de mais e por tal forma que, agora, quer queiram, quer não, estão comprometidos, por cansa do Govêrno, na questão Teles de Vasconcelos.

Sr. Presidente: digo mais uma vez que mau apoio recebeu o Govêrno dos monárquicos. Muito mal andou o Govêrno apoiando-se nos Srs. monárquicos.

A situação está absolutamente encravada.

Nesta hora em que brilha o sol da liberdade, desde a América, a Inglaterra e à França, só quem não quero ver é que pode supor que êsse sol se apague na terra portuguesa.

As ideas liberais hão-de triunfar, agora, fatalmente, porque são impostas por aquelas nações que venceram os Impérios Centrais. Sr. Presidente: a guerra napoliónica de há um século trouxe apenas uma vantagem: fazer cair os tronos do absolutismo. Ficou apenas o da Rússia, para ter agora êsse fim trágico a que assistimos.

Estou convencido de que esta guerra poucos tronos deixará em p£, quer na Europa quer até fora dela. E nesta altura que o Govêrno, em vez do caminhar no sentido da liberdade, quer recuar ao absolutismo!

Mau é isso para o Govêrno e tambêm para os desgraçados que o apoiam, porque em poucos dias, eu o garanto daqui, muito caro, extraordinariamente caro, o Govêrno há-de pagar e muitos que o acompanham.

Eu, pela minha parte, deixei-o a tempo, quando me convenci que esto Govêrno não tinha conserto de espécie alguma.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Cunha Lial.

O Sr. Cunha Lial: - Sr. Presidente: começo por ler o artigo 107.° do Regimento, que diz:

Leu.

Cito êste artigo, Sr. Presidente, apenas para mostrar a V. Exa. que só houve três ou quatro Deputados que nesta questão estivessem dentro da lei: foram aqueles que afirmaram que quem tivesse pedido a palavra sôbre a proposta do Sr. Aires de Ornelas não podia ter a preferencia sôbre os outros Srs. Deputados que se achavam inscritos sôbre a ordem do dia.

Éramos, pois, nós aqueles contra quom a maioria da Câmara protestou, que estávamos dentro da razão, do bom senso e da lei.

Ora, não há Presidente que esteja acima da lei, nem há Câmara que se possa sobrepor ao que no Regimento se acha estatuído, emquanto não derrogar as suas disposições.

E creia V. Exa. que todas as vozes que eu protestar contra decisões da Mesa o farei sempre com o Regimento na mão.