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16 Diário da Câmara dos Deputados

de acatar a polícia internacional, com foros de legítima polícia, dentro dos seus países: se essa responsabilidade do Govêrno está assim salva, pregunto, porque é que tem o Govêrno de dizer clara e francamente os dessous desta malfadada questão?

Só posso descobrir uma razão única, para nos orientarmos no meio dêstes mistérios.

É porque, pelos mesmos motivos porque está preso Teles de Vasconcelos, deviam estar presos outros membros desta Câmara.

Declaro-o aqui terminantemente. E digo mais: é minha convicção - e não só minha - é convicção de todo o país, que os Deputados monárquicos têm feito, a propósito do caso um frouxo protesto, porque a questão Teles de Vasconcelos podia ir muito longe.

Diz-se por aí, não sei com que fundamento, que os nossos aliados nos fizeram sentir serem suficientes motivos para levar à cadeia Teles de Vasconcelos os artigos publicados no Liberal. Sendo assim pregunto: onde ficam os artigos publicados no Dia e na Monarquia?

Onde ficam então Ossos artigos vinte mil vezes mais germanófilos que êsse Dia e essa Monarquia publicavam incessantemente emquanto não vingou a causa dos aliados, emquanto se não provou, pelos resultados, que a causa dos aliados era a que tinha por si o Deus das Vitórias, o Deus da Justiça, o Deus da Liberdade, o Deus do Direito?

Sr. Presidente: é muito grave esta questão para nós a escondermos atrás de fáceis habilidades. Eu não sou patriota, como se compreende nesta casa o patriotismo nem quero merecer dos Srs. Secretários de Estado a acusação de patriota. Em nome dêsse patriotismo de trazer por casa se tem andado na Presidência a conchavar combinações. Fez V. Exa. bem, Sr. Presidente, em não me querer imiscuir nesses conluios, porque a minha resposta só poderia ser uma.

Nada de habilidades, nada de combinações secretas. A nação quere saber se Teles de Vasconcelos é ou não traidor. Porque, se o for, é preciso, como eu dizia há dias, amarrá-lo para todo o sempre ao poste da infâmia. E, se o não for, é preciso dar-lhe a reparação que merece todo o homem honesto que foi infamado. Não há habilidades políticas que nos façam sair dêste dilema.

A oposição monárquica e o Govêrno ficam para todo o sempre amarrados a Teles de Vasconcelos. E, quando êle sair das fronteiras, sairão, tambêm moralmente, exilados por um decreto da consciência nacional, a oposição monárquica e o Govêrno.

Não acredito que as habilidades políticas possam vingar nesta hora em que os povos pretendem acabar com a diplomacia secreta, o com os tradicionais maquiavelismos duma política movida por cordelinhos.

Estou convencido de que a própria família de Teles de Vasconcelos me acompanha nesta questão, embora por motivos diversos; e que será ela a primeira a pedir à oposição monárquica que intransigentemente peça o apuramento da verdade. Simplesmente pareço que nem Govêrno nem minoria monárquica navegam nessas águas. E, por isso, baldadamento ando eu aqui a pedir que se apure a verdade.

Repito: nada de comissões parlamentares que se não justificam por não precisarmos de intermediários.

Se Teles de Vasconcelos está preso pelos seus artigos no Liberal, artigos que enfraqueceram a acção de Portugal na guerra, continuo a afirmar que outras criaturas há que têm de ir para a cadeia.

Em 4 de Dezembro, a Capital transcrevia trechos do Dia que me deixaram maravilhados. Cito, por exemplo, êste:

Leu.

Houve, pois, quem nos jornais portugueses ousara escrever que tinha sido um monstruoso crime de assassínio ter levado soldados nossos para a guerra! E com esta campanha persistente alguns resultados conseguiram.

Conseguiram pelo menos que durante um ano não mandássemos um único esfôrço para a França, que as divisões que lá tínhamos se reduzissem a farrapos a pouco e pouco, e que a nossa acção na guerra fôsse assim diminuída.

O Sr. Magalhães Ramalho (interrompendo): - Se S. Exa. tivesse ido à comissão de inquérito ao Corpo Expedicionário Português já saberia os motivos