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Sessão de 11 de Fevereiro de 1919 11

dem para se substituir êsse director da alfândega. O caso do director da Alfândega de Elvas não é, porem, isolado.

Ora o público exige que se defenda .a República e se faça o cadastro de todos êstes casos.

Um mós quási decorreu após a revolução monárquica e ainda estamos na mesma situação. As providências tomadas não demonstram grande energia. E preciso que nas regiões oficiais haja fôrça, energia e intransigência para que a República se possa salvar.

Quando os republicanos são atacados através de todos os vilipêndios, quando os monárquicos no norte atacam com ferocidade os republicanos, o nosso dever é responder - defendendo-nos!

Portanto, quero acentuar que o Sr. Presidente do Ministério não deve orientar a sua acção dentro das rígidas fórmulas constitucionais, do contrário poderemos, ser conduzidos a um gâchi tremendo. E mister pôr de parte nas cousas públicas as normas rígidas do constitucionalismo, dada a normalidade do momento.

Devemos ter coragem para dizer que estamos aqui para mostrar ao estrangeiro que existe um Govêrno Constitucional, mas que, quando fôr preciso sair fora das normas constitucionais para defender a República, assim se fará.

O Sr. Presidente do. Ministério não deve escutar só os partidos. Apalpe também a alma popular, porquanto os partidos têm interêsses e o povo que fez a República melhor compreende a sua defesa.

Os partidos têm interêsses, os partidos têm clientelas, mas o povo republicano só tem uma aspiração: é fazer a República, porque a República em Portugal não está ainda feita, e eu tenho muito receio de que não aproveitemos esta excelente ocasião para a fazermos duma vez para sempre.

Estamos em guerra civil. E preciso darmos o nome às cousas. E no estado de guerra adoptam-se medidas excepcionais.

Neste momento é preciso que adoptemos medidas mais enérgicas o cautelosas do que aquelas que tomámos quando estávamos em guerra com a Alemanha.

Vou agora examinar o que o Govêrno tem feito, e aquilo que êle deveria ter feito para intensificar o movimento da alma republicana contra os monárquicos.

Começo pela imprensa. O Sr. Presidente do Ministério, no intuito nobre e alevantado de tirar a imprensa daquela prisão onde os Governos transactos a tinham encerrado, deu plena liberdade à imprensa, com excepção daquilo que dissesse respeito aos acontecimentos do norte.

Declaro que, sendo um partidário do todas as liberdades, não teria ido tam longe.

Porque a verdade é que o espírito português, há tanto tempo comprimido, poderia esperar um pouco mais. A censura às cousas militares tem de fazer-se duma maneira mais severa do que até aqui tem sido feita. Publicam-se as notícias mais fantásticas. Movimentos de tropas, localizações de tropas, nomes de oficiais aquartelados nas diferentes unidades - são constantemente mencionados nos jornais!

V. Exa., Sr. Presidente do Ministério, sabe perfeitamente que a vantagem que os monárquicos têm no norte, é poderem atacar e reunir fôrças num dado ponto, ao passo que nós temos de guarnecer uma linha mais extensa; temos de ser muito mais fortes, para que num dado momento as nossas tropas não estejam à mercê dum golpe num determinado ponto.

E preciso que instruções mais severas sejam dadas à censura para que ela se faça, sob o ponto de vista militar, duma forma mais cautelosa e rigorosa do que até agora se tem feito.

Há um jornal em Lisboa que se tem feito repositório de tudo quanto os monárquicos têm querido dizer para Tuy, para Vigo e para toda a Galisa.

A publicação destas notícias vem desencorajar a alma republicana, porque se há pessoas que sabem dar o justo valor a estas atoardas, outros há que podem ser por elas iludidas e por elas se deixem influenciar.

A censura militar deve estender-se tambêm a essas notícias.

E preciso orientarmos a imprensa, e o Govêrno tem essa obrigação, no sentido de se fazer uma campanha para levantar o moral republicano. E isso é tanto mais fácil quanto a imprensa é unânime na defesa da República.

O povo de Lisboa só se convenceu do que a República estava em perigo, quando soube que Aires de Ornelas estava em Monsanto. Então, nesse momento - disse-