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Sessão de 11 de Fevereiro de 1919 15

Eu sei, porque o ouvi dizer aos seus mais íntimos amigos, que foram realmente as insinuações dia a dia exercidas contra êle que o levaram a êsse acto de loucura.

Deixe-me V. Exa., Sr. Presidente, e, permita-me a Câmara que eu conte aqui um acto presenciado por muitas criaturas e que eu ouvi da boca dum seu íntimo amigo.

Estava êsse indivíduo conversando com o tenente Teófilo Duarte, dizendo-lhe que o seu acto era prejudicial à República, quando chegou uma senhora. Teófilo Duarte tirou-lhe as mãos das algibeiras, quási à viva fôrça, beijou-lhas e disse: "Deixe-me beijar-lhe as mãos, por que é o mesmo que beijar as mãos do grande, morto".

Eu sei que no cérebro do tenente Teófilo Duarte se fez nascer a idea de que se pretendia lançar ao mar o corpo do Sr. Dr. Sidónio Pais e que se pretendia cortar a cabeça de todos os sidonistas. E a sua alma revoltou-se, mas numa hora má. Errou; e êstes erros pagam-se com a prisão.

O Sr. Presidente do Ministério, em vez de o mandar chamar para explicações, deveria ter mandado ao seu encontro fôrças para o prenderem.

Nem mais uma hora o devia conservar solto...

O Sr. Proença Duarte: - Era assim que se devia ter feito e não prendê-lo à traição.

O Orador: - Sr. Presidente: concebo e explico todas as paixões sobretudo quando são derivadas. do sentimento de amizade, cujo sentimento os homens parece irem perdendo a pouco e pouco.

Estranho, repito, que o Govêrno não tenha prendido há mais tempo o Sr. Teófilo Duarte. As minhas informações sôbre o que se passou são as seguintes que eu leio à Câmara e constam duma carta que recebi do norte:

Leu.

De tudo isto, Sr. Presidente, concluo o seguinte: primeiro é que o Sr. Teófilo Duarte pôs em revolução um distrito inteiro o ainda entrou por outro distrito; segundo, que, o Sr. Teófilo Duarte se mostrou mais enérgico que as criaturas que encontrou pela frente; terceiro, que o país não pode estar à mercê de que cada um interprete mal os actos do Govêrno.

O Sr. Proença Duarte: - O que foi que V. Exa. fez?

O Orador: - Eu não ataquei a República, e mesmo ainda não perdi o direito de ser julgado pelo acto que pratiquei. Se me quiserem dar qualquer amnistia, desde já declaro que a não aceito. Hão-de julgar-me.

O Sr. Feliciano da Costa: - V. Exa. tem a bondade de me dizer em que é que o Sr. Teófilo Duarte atacou a República?

O Orador: - Então neste momento em que só o Govêrno tem o direito de dar ordens e em que devemos concentrar-nos nesse esfôrço à volta do Govêrno, aparecer uma criatura revoltada a atacar as tropas fiéis a êsse Governo - não será isto atacar a República?!

O Sr. Feliciano da Costa: - V. Exa. foi o próprio que disse que o Govêrno não dava ordens.

O Orador: - Mas V. Exa. que é amigo do Sr. Teófilo Duarte podia já ter tentado uma acção: era derrubar o Govêrno; mas antes disso, antes que o Sr. Presidente da República tenha pôsto fora êste Govêrno, andar a bombardear quartéis, bombardear cidades e tudo isto parece, segundo me disseram, por equívoco - acho que é muito equívoco junto!...

Admito que o Sr. Teófilo Duarte seja a criatura mais bem intencionada, mas o que é certo é que desvairou, o que é certo é que prejudicou o país e a República e V. Exa., Sr. Presidente do Ministério, não tinha de lhe mandar outros emissários senão os canhões.

Foram êstes os que o Sr. Tamagnini Barbosa nos mandou a Santarém, porque quando o ajudante do Sr. Teófilo Duarte, dizendo-se falsamente emissário do Sr. Ministro da Guerra, nos foi convidar a ir conferenciar com o mesmo Sr. Ministro, êste disse que não pactuava com revoltosos, tendo-nos mandado dizer pelo Sr. Silveira Ramos, - que