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12 Diário da Câmara dos Deputados

ram-me - a explosão da alma republicana foi uma das cousas mais grandiosas e sublimes que se tem podido admirar nesta gloriosa, nesta boa e santa cidade de Lisboa!

Mas, passado êsse entusiasmo, todos nós notámos como que um prenúncio de abatimento.

Nós sabemos, porém, como se faz vibrar a alma das multidões e a imprensa é a melhor alavanca para isso.

O Govêrno deve levar a imprensa a levantar a alma republicana, e nós mantenhamo-nos do pé firme como uma sentinela, para que o ataque aos monárquicos seja vitorioso o decisivo.

E uma outra campanha quero ainda pedir ao Sr. Presidente do Ministério, que me dizem que fala todos os dias com os jornalistas e que é necessário que se faça neste momento.

É a campanha em que se mostre quais foram os prejuízos que da revolta monárquica resultam para o país.

O povo talvez julgue que não haverá grandes prejuízo?!, mus o país precisa saber todos os prejuízos, todos os danos causados ao comércio interno e externo, as destruições de material ferroviário, emfim todos os prejuízos que essa revolta tem acarretado.

O país precisa saber o valor de todos êsses prejuízos, para que amanha, quando se apresentem medidas para tornar responsáveis os que os causaram, saiba as causas dessas medidas pedindo justiça e vingança?

Para um outro ponto quero chamar a atenção do Sr. Presidente do Ministério, qual é a forma como se está fazendo a censura telegráfica e postal. Não sei se medidas excepcionais se tomaram a êsse respeito, mas parece-me que essa censura não é feita de modo a firmar a defesa da causa republicana.

Estou convencido de que algumas medidas S. Exa. terá tomado, mas o país precisa saber quais são.

Também mo parece que as medidas que o Govêrno tem tomado para evitar o deslocamento de conspiradores são insuficientes.

Deve haver uma zona em que só os comandos militares determinem que possa haver deslocamentos, porque nessas zonas certamente haverá monárquicos e republicanos e é necessário que. se evitem os deslocamentos perigosos.

Devo neste momento dizer que só agora se tem tomado medidas para o reconhecimento de pessoas que transitam pelas vias férreas.

Sei que existe no Entroncamento uma delegação da polícia para fazer o reconhecimento dos viajantes, mas posso afirmar que essa vigilância é nula, e as pessoas que lá estão não cumprem o seu dever.

Estos casos que parecem pequenos são porêm importantes.

Há mensageiros que vem constantemente de Madrid para aqui, e que vão até o norte; que vão de Lisboa ao Alentejo e que vão depois ao norte.

A polícia, para êstes casos não se darem, deve estar bem montada, e êste sistema de salvo conduto não me parece próprio para conseguir que a insurreição em vez de ser reprimida em muitos dias, o seja em poucos.

E este facto que me leva a tocar nestes assuntos, embora êles possam parecer mínimos, à primeira vista.

Já toquei no ponto das nossas alfândegas estarem entregues, na maior parte, a monárquicos; falei, a propósito, do director da alfândega do Elvas, que é integralista, o devo dizer que o caso não é único. Não me compete a nem fazer denúncias, e se citei êsse funcionário foi por saber que êle já foi demitido. Mas é necessário que todas as alfândegas fronteiriças com a Espanha tenham à sua frente funcionários que sejam de absoluta confiança da República. Se não, passará armamento e tudo o mais que fôr preciso aos insurrectos. E êste um serviço muito importante, pedindo eu a S. Exa. o Sr. Presidente do Ministério que olhe para êle com toda a atenção, e que diga à Camara se, a êsse respeito, já foram tomadas medidas, e se já se formou uma espécie de cadastro de directores das alfândegas da zona fronteiriça, porque isso combinado com a acção dos cônsules das mesmas zonas pode prestar ao país relevantes serviços.

Chamo também a atenção de S. Exa. para as transferencias de presos que, constantemente, se fazem dos hospitais para as cadeias e vice-versa.

Eu não quero - porque seria uma vi-