O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6 Diário da Câmara dos Deputados

depois esteve em Monsanto, - que nos entregássemos sem condições. S. Exa. mandou-nos apenas por emissários uma série de colunas, que eram quási todas, numa grande maioria, comandadas por oficiais que foram para Monsanto e que, actualmente, se acham no Pôrto.

É essa a distinção que é preciso notar-se, é esta a distinção que necessário se torna estabelecer.

Uma das mais numerosas fôrças que nos atacaram em Santarém era a comandada pelo Sr. Silveira Ramos, oficial que depois foi com a sua coluna, intacta, para o Pôrto, o uma das primeiras cousas que em Santarém se fez após a nossa rendição, foi brindar-se pela monarquia no club da terra! Estava presente um oficial, cujo nome eu citarei se o Sr. Presidente do Ministério me pedir, que também ouviu êsse brinde, tendo se dito: "Agora é que é a ocasião de se fazer a cousa!"

Apesar do monárquico, êsse oficial disso, que combateria os seus correligionários, se tivessem a ousadia do tentar uma traição. O Sr. Silveira líamos respondeu-lhe: "Você é um bom rapaz e depois não deixará de nos acompanhar".

Felizmente, porém, êsse brioso oficiai tem estado no norte a combater a traição que repudiou.

O que é preciso é esclarecer o seguinte:

O movimento de Santarém era exclusivamente republicano e foi preparado de acordo com grande parte dos amigos do Sr. Tamagnini Barbosa, tendo havido corporações, como a da polícia, cujos comandantes haviam declarado estar ao nosso lado.

Falámos com Ministros e o que nos foi dito, não directamente pelo Sr. Tamagnini Barbosa, mas pelos seus amigos, foi o seguinte: "Nós não temos fôrça para combater as juntas militares, mas revoltem-se vocês, provando ao Govêrno que essa fôrça existe, pois assim o Govêrno, em lugar de os combater, dar-lhes há as mãos".

Preguntei até se nos poderiam dar guias para irmos revoltar regimentos, dissemos quais eram as mudados onde tínhamos acção, falámos em Santarém, Caldas da Bainha e muitos outros sítios e, depois de se enviar ao Sr. Presidente da República o telegrama cujo texto foi publicado, as criaturas que estavam a nosso lado, tendo ajustado auxiliar-nos - nada mais fizeram do que atacar-nos!

Já vê V. Exa., Sr. Presidente, já vê a Câmara, que o movimento de Santarém tem características bem diferentes. Mas a história há-de fazer-se, e eu não desejo aprofundá-la agora aqui, porque não ataquei a pessoa do Sr. Teófilo Duarte, por quem tenho simpatia, entendendo, porém, que se em alguma cousa o Sr. Presidente do Ministério errou foi em não ter prendido aquele oficial nas primeiras horas em que a sua rebelião se manifestou.

As intenções com que praticamos os nossos actos são uma cousa que pertenço aos tribunais e à história.

Neste momento o que é preciso é defender a República! E em quanto V. Exa. estiver à frente do seu Ministério peço-lhe que faça essa defesa intransigentemente, e quando lho apareçam obstáculos, como o Sr. Teófilo Duarte, por mais respeitáveis que sejam, faça uma só cousa: destrua os, porque neste momento Teófilo Duarte, sendo um grande homem, é uma cousa mínima perante a defesa da República. Espero, tenho mesmo a certeza, que V. Exa. intensificara cada voz mais o movimento de defesa dos republicanos contra os monárquicos. Sei que V. Exa. será intransigente, que olhará menos aos partidos que às conveniências desta hora, que é a da defesa da República. E fazendo isso, repito, fará a obra maior de que todo o republicano se pode orgulhar. Toda a gente, no futuro, dirá: "Foi êle, foi o José Relvas que salvou a República"!

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: - Tendo podido a palavra para um negócio urgente o Sr. Deputado Proença Duarte, e estando presente o Sr. Presidente do Ministério, vou consultar a Câmara sôbre se se deve ou não conceder-lha.

Consultada a Câmara, resolveu afirmativamente.

O Sr. Presidente do Ministério (José Relvas): - Sr. Presidente: sinto-me completamente à vontade para responder às palavras do Sr. Deputado Cunha Lial, e