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18 Diário da Câmara dos Deputados

Quanto à substituição das unidades de Lisboa, transmitirei ao Sr. Ministro da Guerra o desejo expresso por S. Exa. de que sejam transferidas as unidades que merecerem menos confiança à defesa da República.

Com relação aos presos políticos que estão no Forte de Monsanto, tenho a declarar que dei ordens terminantes para que seja garantida a vigilância sôbre êsses presos, a fim de que êles não se possam de lá evadir.

Relativamente aos guardas do corpo de polícia civil, que estiveram em Monsanto combatendo contra a República e que se encontram em liberdade, devo também declarar que já ordenei que êsses guardas fossem demitidos da corporação a que pertenciam.

Mandarei prender todos os monárquicos que se mostrarem perigosos para a República que, neste momento, é necessário defender por todas as formas.

Hei-de defender a República o melhor que souber, e sempre com honestidade.

A polícia política, que tenho junto de mim, está disso encarregada.

Entendo também que os Deputados monárquicos que pegaram em armas contra a República não devem ter aqui assento. (Apoiados).

Relativamente à imprensa, direi que por princípio e por educação, sou um homem liberal e, por isso me custa imenso qualquer acto praticado contra a liberdade de imprensa.

Desejaria colocar a imprensa nas máximas condições de liberdade.

Foi interpretando as necessidades da hora actual que procurei ouvir os representantes da imprensa, e espero que a República só terá que se felicitar por eu haver buscado dignificar, como devia, êsse tam poderoso órgão da opinião pública.

Se um jornal defende princípios, respeitá-lo hei.

Se atacar a República, criando perigos no actual momento, êsse respeito terá que cessar imediatamente.

Acerca do caso especial do director da Alfândega de Elvas, foram transmitidas as informações mais completas ao Govêrno.

O Sr. Ministro das Finanças deu as suas instruções no sentido de serem substituídos os funcionários dessa alfândega e já foram mandados de Lisboa funcionários de confiança para substituírem os funcionários suspeitos à República.

Com respeito à censura militar, devo dizer que constituiu uma enorme dificuldade e tenho trabalhado para ver se consigo mante-la, sem embaraçar a defesa da República e sem prejudicar a imprensa.

Tem sido a minha constante preocupação e tanto que tenho perdido noites a ver eu próprio as notícias militares, o que, como se compreende, é tarefa ingrata depois dum dia de trabalho que começa às 10 horas.

Estou vendo se consigo organizar esta instituição nas melhores condições.

Com respeito aos oficiais do exército, monárquicos, já se deram ordens no sentido de se fazer o saneamento entre aqueles que realmente sejam desafectos à República.

O Sr. comandante da guarda republicana já está trabalhando no sentido de expurgar das guardas alguns dêsses oficiais.

Com relação ao Sr. Teófilo Duarte, é inútil citar a história dos passos dados por êste oficial.

Êle procedeu na Beira Baixa com espírito de verdadeira rebeldia.

Com espírito de conciliação quis ou ouvir o Sr. Teófilo Duarte.

S. Exa. veio a Lisboa com o compromisso de honra tomado, não pelo Govêrno, mas pela pessoa que o acompanhou, o que é diferente.

Quando tive conhecimento de que S. Exa. chegara a Lisboa, ou, interpretando o sentir do Govêrno, tive com o Sr. Teófilo Duarte uma conferência.

O Sr. Teófilo Duarte estava num estado de espírito que bem compreendo. Achava-se dominado por uma dessas fortes afeições cujo sentimento é imenso.

Êle era, quanto a mim, o maior amigo de Sidónio Pais.

Compreende-se que um rapaz cheio do vida, com vinte e três anos de idade, animado por sentimentos que parecem dum homem doutras épocas, tivesse praticado actos que não se desculpariam a outras pessoas, mas que se desculpam a Teófilo Duarte.

Êle saiu em liberdade dessa conferência e não sairia assim se ela se tivesse realizado com outra pessoa.