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14 Diário da Câmara dos Deputados

Êles é que sabem evitar que se espalhem notícias que sejam prejudiciais à sua causa. O que fazem?

Têm lá no Pôrto todos amarrados de pés e mãos. Quando alguém, encontra meio de fugir, mas deixa família lá dentro, êles são tam bandoleiros, tam covardes, que se vingam sôbre essas famílias!... Chegam a confiscar os bens. São bandoleiros, mas sabem defender-se.

Eu não quero que da parte da República se pratiquem os mesmos actos de bandoleirismo (Apoiados), mas quero que haja a mesma energia feroz e que o Govêrno, necessitando para a nossa eficaz defesa de medidas excepcionais, não hesite um só momento em vir aqui pedi-las contra os adversários da República. Não se consinta que aqueles que representaram aqui a mais devotada oposição monárquica, a mais chicaneira, direi mesmo, oposição monárquica, continuem em conluios com sargentos e andem com coronéis monárquicos, que foram readmitidos pula Republica, a fazer propaganda monárquica pelos cafés de Lisboa.

Não consinta isso, Sr. Presidente do Ministério! Exerça sôbre êles uma mão de ferro. Nada de contemplações. Nem uma. O dever moral de V. Exa. é defender a República. Aperte-os bem nas suas mãos de honesto e liai republicano.

Ataque-os. Não os deixe respirar nem um momento. Defenda a República e V. Exa. terá feito a obra maior de que um homem se pode vangloriar.

Quando amanhã V. Exa. sair dessas cadeiras irá contente com a sua consciência.

Por agora mantenhamo-nos unidos. Depois teremos então que nos misturar segundo as nossas naturais afinidades ganhas nestes dias de luta em que evolucionistas, independentes e democráticos se encontraram, embora muitas vezes estivessem em desacordo com os seus partidos, com os seus directores ou com os seus chefes.

Não é em conferências de gabinete que êste gâchis se há-de resolver.

As afinidades ganhas agora com a luta é que nos hão-de juntar e que hão-de determinar a futura constituição dos partidos.

Sr. Presidente: quereria eu por último referir-me a um caso melindroso que já começou a ser levantado aqui na Câmara.

Levanto-o com mágoa e com pena, mas como nunca fujo cobardemente às responsabilidades que mo possam caber, eu desejo expressar sôbre êste caso a minha opinião, aquela mesma opinião que eu defendi lá fora. Refiro-me ao caso do Sr. tenente Teófilo Duarte.

Devo aqui fazer uma declaração: simpatizo imenso, sem o conhecer, com o Sr. Teófilo Duarte. É um português com cujas opiniões não concordo, e um português, para mim, desvairado, neste momento em que nós, republicanos, só devemos ter uma preocupação - defender a República.

Êle é um valente militar; é uma criatura que assumiu as responsabilidades dos seus actos; é um homem digno que errou e a respeito do qual, se eu estivesse no lugar do Sr. Presidente do Ministério, teria procedido há mais tempo como S. Exa. só agora procedeu.

Sr. Presidente: Teófilo Duarte é um oficial que na luta de 5 de Dezembro revelou as suas altas qualidades de militar e tem uma qualidade que cada vez vem sendo mais rara no nosso país: é fiel aos seus amores, às suas amizades, até o ponto de desvairar. Mas Teófilo Duarte praticou actos que nesta hora enfraqueceram a potência da acção da República contra os monárquicos.

Já me têm dito: "Também tu lutastes contra o Govêrno e andas em liberdade". Mas eu ando em liberdade provisória e não prescindo do direito de responder e de ser preso mais tarde.

Deram-me a liberdade para me porem ao serviço da República, e se a esta hora ainda não estou no serviço militar dessa mesma República, a culpa é do Sr. Ministro da Guerra que, apesar de eu já ter ido seis vezes ao seu Ministério para êsse efeito, ainda me não mandou marchar para o norte.

O meu caso, por isso, não é paralelo ao do tenente Teófilo Duarte. Êle foi preso porque prejudicou, nesta hora grave, a marcha das operações da República.

Sr. Presidente: eu não sei se todos conhecem nitidamente qual a acção de Teófilo Duarte durante êsse movimento a que criaturas mal intencionadas o arrastaram, e devo fazer umas declarações.