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Sessão de 16 de Dezembro de 1919 13

O Govêrno deve elaborar um plano geral, pondo ao dispor dêle todos os fundos precisos, embora êsse esfôrço venha a pesar sôbre muitas gerações e não aproveite correspondentemente no momento presente.

Temos de realizar os maiores sacrifícios para resolver todos os problemas de fomento que se antolham por uma forma imprescindível.

Infelizmente em Portugal têm sido resolvidos por uma forma episódica os assuntos mais importantes. O que é preciso é que os foguetes estalem depressa e os banquetes se realizem imediatamente.

Por mim nunca me importei com foguetes, nem com banquetes. Quando estive no Govêrno procurei sempre colaborar nos planos de fomento geral do País, e mais nada.

Tive a felicidade de ver aprovados extensos artigos, alguns dos quais pareciam artigos de fundo de jornais, como eu lhes chamava episodicamente.

Não seriam bons, mas foram artigos que vi aprovados; artigos em pequeno número, que, por isso, eram extensos para poderem ser leis completas.

Temos muito que fazer sob o ponto de vista da defesa do nosso território. Vá longe o agouro, mas, se tivéssemos guerra no território, queria ver como se haviam de dirigir os serviços telegráficos do exército, por isso que nos faltam os elementos essenciais para um bom serviço telegráfico de campanha. Não temos fios nem campânulas. Antes de sermos vencidos pelas armas, seríamos vencidos devido à falta dum bom serviço telegráfico, pela insuficiência dêste. A nossa situação precária, no tocante ao serviço telegráfico e telefónico, não precisava de tiros para nos vencer.

Não quero assumir essa responsabilidade.

Estamos mim país onde a organização civil presta todos os auxílios à organização militar. Por conseguinte temos de prover às necessidades civis para implicitamente prover às militares.

A única solução do problema está no equilíbrio financeiro. Por isso devemos resgatar as linhas da Companhia Portuguesa, como possuímos já as linhas do Minho e Douro e Sul e Sueste.

Temos de equilibrar o Orçamento do Estado e destinarmos uma cota parte do dinheiro para continuar a nossa rêde ferroviária.

De resto, isto é uma despesa reprodutiva, não sendo como tantas outras que aqui se têm aprovado e que só trazem deficit.

Aumentaram-se os vencimentos dos funcionários, mas com as próprias receitas, e havemos de confessar que houve funcionários que foram aumentados em maiores quantias do que êstes.

Eu tenho autoridade moral para dizer isto, porque nunca me esqueci de riscar o meu nome em matéria de proventos.

Mas a verdade é que em 1911 o Estado recebeu dos correios e telégrafos 400 contos. Eu posso ler à Câmara a estatística das receitas e da distribuição das mesmas.

Viu-se claramente que se nós, na guerra, tivéssemos a situação de termos uma rede bastante desenvolvida, a Inglaterra, que alugou uma linha à Espanha, certamente que o não teria feito sem nos consultar primeiro, preferindo-nos, sem dúvida.

Ainda mais, fomos nós que, com as nossas precárias linhas, salvámos um pouco o tráfego internacional, que já não podia ir pelo cabo, visto que tinha sido cortado pelos alemães.

São todas estas considerações que provam que todo êste capítulo do ramo de comunicações assenta numa base scientífica administrativa, e por êsse motivo está bem baseada a proposta de lei. Realmente oitenta terras do País passam a ter comunicações telefónicas, não dentro de si, mas unias com as outras, ficando, pois, a haver mais uma facilidade de comunicações internas do que havia até aqui. Parte das linhas são separadas, e todos os grandes condutores passam a executar-se de novo, elevando as cidades de Lisboa, Pôrto e Coimbra à situação do grandes centrais, possuindo, alêm disso, os veículos necessários para no caso de avaria dum condutor poderem manter as suas comunicações. Tambêm êsses grandes centros ficarão ligados às linhas de Espanha. O Pôrto fica ligado a Salamanca, Lisboa fica ligada a Madrid e o condutor é tam importante, que poderá ligar com Paris, directamente.

Assim, interna e externamente, fica Portugal onde há muito devia estar.