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Sessão de 16 de Dezembro de 1919 17

sura. O caso não foi mais ou menos grave do que outros sucedidos no Pôrto.

O que eu estranhei foi que, havendo nesta Câmara Deputados que sempre me têm interrogado e censurado quando se supõe que os republicanos agridem monárquicos, ninguêm se levantasse a protestar quando tivessem sido atacados republicanos naturalmente por monárquicos, visto que aqueles vinham de depor em processos contra um monárquico. Levantei-me então, estranhei o facto e narrei o que sucedera.

Trocam-se àpartes:

Interrupção do Sr. António Granjo.

Uma voz: - Já estamos fartos de esperar.

O Sr. António Granjo (interrompendo):- V. Exa. lança êsse facto como uma bisca jogada aos Deputados.

O Orador: - Não foi uma bisca, porque o caso tinha responsabilidade igual à doutros, e, se V. Exa. julga isso uma bisca, deve então considerar como tal as instruções nos outros casos.

Trocam-se àpartes.

O Orador: - Sr. Presidente: tenho o prazer de comunicar à Câmara que desapareceu por agora o perigo revolucionário e que não tenho neste momento preocupações com a ordem pública.

Está assegurada.

Felizmente para Portugal, a maior parte do País nem deu pelo movimento, o que não quero dizer que êle não estivesse prestes a sair para a rua; muita gente julga até que êle nunca existiu.

É claro que assuntos desta natureza não terminam imediatamente.

São como os incêndios que têm uma fase de incremento, e que depois de localizados, e extintos, ainda fumegam e minam, se não se continua no rescaldo.

E nessa operação que estou agora.

O Sr. Fernandes Costa: - Felicito V. Exa. e a corporação dos bombeiros.

O Orador: - Aceito as felicitações de S. Exa., para mim e para êles, e posso afirmar-lhe, que se não fossem as providências tomadas pelo Govêrno e a boa disposição de todos os seus cooperadores em as cumprir, ontem à tarde teríamos tido uma revolução na rua.

Isto não quere dizer que êsses elementos, agora dispersos, não venham amanhã tentar outro movimento.

Eu não posso dizer à Câmara positivamente as características do movimento, tam diferentes eram os elementos que nele colaboraram.

Creio que havia de tudo um pouco, predominando no emtanto a gente do dezembrismo.

Do que há mais que temer é daqueles que sob aparências várias se disfarçam em republicanos para melhor e mais fácilmente ferirem a República.

Interrupções várias.

Mas mascaram-se por tal forma êstes homens, que possível é, se V. Exa. não se munir de todas as precauções, que êles lhe ingressem no partido.

O Sr. António Granjo: - Mais uma vez V. Exa. se mete num assunto para que não é chamado.

A vida particular dum partido é com êsse partido.

O Orador: - A vida dum partido da República interessa a todos os republicanos.

Se assim, não fora, não combateriam V. Exas. tanto os membros do Partido Republicano Português. (Apoiados).

E mal de nós se a vida dum partido da República só lhe interessasse a êle!

O Sr. António Granjo: - Não é bem assim.

Que a V. Exa., como republicano, seja agradável que o Partido Liberal se organize duma ou doutra forma, vá; a mim, tambêm me era agradável que no Partido Democrático não entrassem certas criaturas que lá entraram, bem como mo seria agradável que lá não estivessem outras, que lá estão, isto apenas como republicano, mas V. Exa., como Presidente do Ministério, foi apenas infeliz nas suas palavras.

O Orador: - Nunca se é infeliz, quando se pronunciam palavras com a intenção