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Sessão de 16 de Dezembro de 1919 21

ordem pública, e quer essa perturbação de ordem pública vise a República ou vise apenas a situação, tem sempre o mesmo carácter, o prejuízo para a República e para a Nação seria sempre considerável e assim só impõe ao Partido Republicano Liberal a prudência de não dizer ao Govêrno, pelo menos nesta altura, quaisquer palavras de censura, porque ainda não as disse nem digo, pois que apenas dirigi ao Govêrno palavras de congratulação.

Creio bem que o êxito será devido, não apenas a um conjunto de circunstâncias fortuitas, não apenas, tambêm, à ausência de atmosfera propícia a um acto revolucionário, mas tambêm à vigilância e ao sentimento republicano do Sr. Presidente do Ministério e dos seus colegas no Ministério, e à vigilância e ao sentimento republicano de todos aqueles que o coadjuvaram na sua acção por ora preventiva.

Parece-me, Sr. Presidente, que se estas palavras não são ainda tocadas do sentimento de justiça, não são palavras de ataque, e o Partido Republicano Liberal está ao lado do Govêrno.

Alguma cousa quero dizor ao Sr. Presidente do Ministério, após estas palavras de elogio.

Disse o Sr. Presidente do Ministério que o perigo estava passado, mas S. Exa. foi dizendo tambêm que não podia garantir que não se dêsse qualquer pequeno motim ou acto de rebelião em qualquer ponto do País, e num tempo indeterminado.

O dizer o Sr. Presidente do Ministério estas palavras, importa a declaração de que o facto da revolução ter falhado ontem não quere dizer que a conspiração tenha desarmado? É isto que o Sr. Presidente do Ministério quis dizer?

Eu digo que a revolução não desarma emquanto no País não houver ordem, tranquilidade e fôrça republicana e o cumprimento da lei.

Primeiro de tudo, é preciso que a lei se cumpra.

O Sr. Afonso de Macedo: - É com o que êles mais se importam...

O Orador: - Eu sei que êste hábito de conspirar em Portugal é uma conseqùência do circunstâncias, variadas e complexas, as mais das vezes por fraqueza da República, e nunca pelo ódio que republicanos possam ter a monárquicos ou que monárquicos tenham a republicanos, não, não e não, porque a República queira dar lugares aos seus, isso não, não e não!

O que nós precisamos fazer para defender a República é desenvolver a economia nacional onde reside toda a fôrça material do País.

Sr. Presidente: é indispensável que quanto antes se resolva o problema da ordem pública.

É preciso que o Govêrno, como qualquer médico, não se importe com um simples sintoma, e trate de ir à raiz, ao fundo das cousas, procurando, não os efeitos mas as causas.

O Sr. Afonso de Macedo: - Não se consegue a ordem com teorias.

O Orador: - Compreende V. Exa., Sr. Presidente, que eu não posso responder com argumentos, a quem me diz, como o Sr. Afonso de Macedo, que é preciso dar cabo dêles.

O Sr. Afonso de Macedo: - V. Exa. hoje está a ouvir mal. Está infeliz.

O que eu disso foi que não se garantiria a ordem com as teorias de V. Exa. E preciso acabar com as conspirações, e para acabar com elas não é assim como V. Exa. diz.

O Orador: - Não vale a, pena discutir isso. Continuemos.

A verdade é que não se resolvem assim as questões da ordem pública em Portugal.

A verdade é que o Govêrno, embora digno de elogios pela forma como se houve, ou pela sorte que teve, quanto ao esmagamento da insurreição, tem de lançar mão de outros meios.

Tem de se ocupar das questões verdadeiramente nacionais, porque só assim, dignificando a República, é que poderá, efectivamente, resolver o problema da ordem pública.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquigraficas que lhe foram enviadas.