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20 Diário da Câmara dos Deputados

talvez êsse assalto, porque os estudantes se entrincheiraram na Universidade e o povo correu sôbre êles, mas lá dentro é que ^eu creio que se deram conflitos entre estudantes monárquicos e republicanos.

Aqui tem, Sr. António Granjo, tal como se passaram os acontecimentos.

Supondo ter respondido assim às preguntas de S. Exa., só tenho a acrescentar que o Govêrno, neste momento, julga debelado o movimento revolucionário, o que não quere dizer que não se possam produzir ainda aqui e alêm quaisquer actos de insubordinação, e respondendo agora às pessoas que supunham não existir o movimento que se esboçava para sexta feira, direi que há o seguinte lacto que não pode deixar dúvidas a êsse respeito: há pessoas que de motu próprio se escondem e desaparecem, pessoas que têm colocações oficiais que, pelo facto do seu desaparecimento, vão incorrer em determinadas e graves culpas, pessoas sôbre quem recaem actos passados que dão a todos nós a garantia, a certeza de que são capazes de os repetir no presente. Ora quando a êsse desaparecimento se juntam certas informações que chegara ao Govêrno, êste tem o dever de se acautelar contra possíveis movimentos. Essas pessoas desapareceram por saberem que o Govêrno ia fazer prisões; ora quem não deve, não teme, o como me parece que ninguêm pode dizer que êste Govêrno prenda pessoas sem quê nem para quê, fica exactamente a impressão de que eram essas pessoas que preparavam o movimento que estava para se dar.

Terminando as minhas considerações, resta-me acrescentar que o Sr. Paulo Ferreira está realmente ferido, mas não tem gravidade.

Tenho dito.

O Sr. António Granjo: - Sr. Presidente: nas minhas primeiras palavras tenho de acudir à deixa, explicando a razão por que a certa altura deixei de mo ocupar dos lamentáveis acontecimentos que têm sucedido no Pôrto até hoje em relação aos presos políticos.

Já depois de eu ter, nesta casa do Parlamento, tratado do caso dos Congregados, outros acontecimentos, dos mais graves, se deram naquela cidade, e até num dia que ali estive se atacaram a tiro presos políticos na ocasião em que saíam dos tribunais, depois de terem sido julgados, repetindo-se êsse caso senão dia a dia, pelo menos quando eram julgados os criminosos políticos implicados nos acontecimentos daquela terra.

Quando ali estive deram-se, em plena rua, atentados contra presos políticos de Lamego, chegando até a dizer-se que tinham vindo dali republicanos dispostos a castigar êsses indivíduos se, porventura, o tribunal não fizesse justiça.

A razão por que não mo ocupei mais dêsses casos foi porque reconheci que ocupar-me dêles nem adiantava nem atrazava em relação à ordem pública no Pôrto, e o facto de eu aqui tratar dêsses casos não avivava a acção das autoridades, nem de forma alguma impunha um pouco de reflexão àqueles republicanos que, julgando defender a República, só a prejudicam, e ainda por que, em face dessa, impunidade consagrada pela acção das autoridades do Govêrno - e nisto não há exagero algum -, as palavras que eu aqui proferisse se poderiam irritar os ânimos e prejudicar a ordem pública, avivando o rancor tanto dos bandos monárquicos, como dos bandos republicanos.

A evolução dos acontecimentos seguir-se há. Sr. Presidente do Ministério. Os crimes que os monárquicos praticaram não podiam ficar impunes; os crimes que os republicanos praticarem não ficarão impunes; isto é que é preciso dizer-se, quando as autoridades judiciais e administrativas não têm fôrça suficiente para se imporem ao respeito e punirem criminosos.

Os tempos passam sempre pelos governos, e a justiça faz-se afinal.

Deixemos seguir os acontecimentos, êles falarão mais eloquentemente do que ou tenho falado, e êles punirão os homens duma forma mais efectiva e porventura mais trágica do que a forma por que os tenho aqui verberado.

Pôsto isto, Sr. Presidente, tenho do começar pelas últimas" palavras do Sr. Presidente do Ministério.

Sabemos assim que o Govêrno está perfeitamente assegurado de que se tramava uma conspiração, uma perturbação de