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Sessão de 16 de Dezembro de 1919 19

Convoquei para o Ministério do Interior todas as autoridades civis e militares, e dei-lhes terminantes ordens, as mais severas ordens, para ser reprimido qualquer movimento.

Em Portugal qualquer dessas tentativas têm conseqùências gravíssimas para o País.

Quem quere trabalhar e progredir não o pode fazer no meio destas desordens contínuas. (Apoiados).

Essas pessoas que estiveram no meu gabinete saíram com a convicção de que eu lhes havia falado com toda a sinceridade, e que, como Ministro do Interior, tomaria inteira responsabilidade dos actos praticados.

Declaro à Câmara que darei sempre ordens análogas às que dei. (apoiados).

Posso talvez passar de ser excessivamente tolerante a ser quási cruel, mas tenho a autoridade para dar estas ordens, como homem que não fez ainda nenhuma perseguição em Portugal. (Apoiados). Não se derramou, durante o meu governo, uma gota de sangue português, fazendo o possível para o poupar.

Ao passo que eram proibidas as exéquias em Lisboa e Pôrto, elas realizaram-se em vários pontos do País, sem que ninguêm as hostilizasse, mas em Lamego, Viseu e, possivelmente, em Pinhel, onde as exéquias revestiram não um carácter de piedade, mas um aspecto político, deram-se alterações de ordem pública.

Só muito tarde é que intervim em Lisboa, proibindo as exéquias. Eram 19 horas, véspera delas se realizarem. Estou convencido de que prestei um bom serviço aos que queriam realizar as exéquias, e que muitos dêles, vendo passar as horas sem chegar a proibição, chegaram a dizer - mas então êste Ministério não proíbe as exéquias?!

Felizmente que o País não deu ouvidos às atoardas, e o movimento projectado não vingou porque era acéfalo. Não tinha uma cabeça que o dirigisse.

Eu não sei se o Sr. Patriarca e mais dignidades da Igreja estavam para assistir, ou não, às exéquias; não me preocupei absolutamente nada com isso quando as proibi, mas única e simplesmente com a manutenção da ordem pública.

Em Lisboa mantive-a, mas no Pôrto é que se deram vários casos desagradáveis, pois que, estando a igreja fechada, alguêm principiou invectivando as autoridades por ter proibido as exéquias; originou o conflito um homem que foi depois esconder-se numa drogaria fronteira, parece-me, dando-se então um pequeno conflito.

Daqui é que se dirigiram para a Universidade, mas devo frisar bem que não houve nenhum assalto, pelo menos pelas informações que recebi, que aliás foram transmitidas por telegrama, podendo, por conseqùência, estar sujeitas a qualquer rectificação.

O que se passou foi o seguinte: alguns dos estudantes da Universidade manifestaram-se contra o facto das exéquias terem sido proibidas, e, aproveitando o tumulto a que já me referi, entrincheiraram-se dentro da Universidade, armados de pistolas, ameaçando o povo.

O Sr. Raúl Tamagnini: - Esses estudantes eram os mesmos que fizeram parte do rial batalhão académico do Pôrto, e que ainda não foram riscados da Universidade.

O Sr. Santos Graça: - V. Exa. dá-me licença, Sr. Presidente do Ministério?

Eu estava no Pôrto quando se deram êsses acontecimentos.

O caso passou-se da seguinte forma: a igreja estava fechada e, passado pouco tempo, os estudantes monárquicos dirigiram-se para a porta da igreja, gritando que era preciso abrir a porta, e começaram em seguida dizendo várias cousas do Govêrno; depois disto é que êles se dirigiram para a Universidade, e daí resultou a luta.

Isto é verdade, e note V. Exa. que estes meninos foram os mesmos que fizeram parte do rial batalhão académico, e que agora não hesitaram em provocar a desordem.

O Orador: - Isso não confirma as informações que tive.

O Sr. Dr. Paulo Ferreira não tomou parte no conflito; S. Exa. desceu para acalmar os ânimos, e foi nessa ocasião que foi agredido, tendo ou a impressão de que não foi propositadamente.

Mas o que desejo frisar bem é que não houve assalto à Universidade. Esboçou-se