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28 Diário da Câmara dos Deputados

cobrante (é êste o termo empregado), as pesetas que tinha em seu poder. E preguntou S. Exa. se tal quantia tinha sido depositada em Madrid.

A conta do espanhol nessa data era realmente aquela que consta do documento que o Sr. Júlio Martins leu à Câmara.

Já tive a curiosidade de saber porque é que o espanhol, tendo dito que mandava dinheiro, o não mandou. Pelas informações que colhi, o dinheiro não foi entregue em Madrid.

Acontece, porêm, que o espanhol declarou por escrito que ia mandar para Madrid aquele dinheiro, que ainda não tinha utilizado para compra.

O documento foi à delegação, e quási ao mesmo tempo que o documento chegava, o espanhol declarava que estava pronto a depositar êsse dinheiro, mas que demandava o Govêrno Português porque tinha faltado ao cumprimento duma das cláusulas do contrato.

Estava a questão neste pé, o informada a delegação por quem tinha autoridade na matéria, e só a podia ter um jurisconsulto, ela, entendeu que devia proceder com o espanhol, não por moio judicial, mas nos termos dum novo contrato em que o Estado não ficasse prejudicado, antes tivesse vantagens.

Interrupção do Sr. Júlio Martins.

O Orador: - O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros terá ocasião de dizer se êsse dinheiro não veio para Madrid.

A situação da legação quando o Sr. Augusto de Vasconcelos a abandonou era esta.

A êste respeito não resta dúvida alguma; há apenas aquela que V. Exa. apresentou das 500 pesetas.

Como se explica essa diferença ? A legação informará.

Na documentação entregue pelo Sr. Augusto de Vasconcelos havia um cheque, que não posso precisar de quanto, mas parece-me que dumas 300 pesetas; o resto era a receber no Credit Lionnais.

O Sr. Júlio Martins: - V. Exa. confunde a minha argumentação. Eu torno a ler.

Encontro a falta de 5:000 pesetas.

O Orador: - 5:000 pesetas?

500 pesetas é que eu vejo na diferença. Sabe V. Exa. e sabe a Câmara que o dinheiro entregue a Casimiro Re v s não era só para pagar arroz, era tambêm para pagar transporte e armazenagem, e para todas as pequenas operações comerciais, e que Reis teve o cuidado de exarar na sua proposta.

Não sei como se faz êsse transporte em Valência, mas creio que não é de graça.

Sr. Presidente: como eu citei o nome do Sr. Quevedo, que é um funcionário distinto da legação, julgo do meu dever referir-me às palavras do Sr. Dr. Júlio Martins a respeito dêste funcionário.

Eu suponho que o Sr. Quevedo indo fazer a investigação directa ao arroz que havia em Valência, não tinha outro processo senão aquele de que usou.

Mandou medir o depósito em que se encontrava o arroz, e por uma operação singela, qual fôsse o de multiplicar o comprimento pela largura o pela altura, determinar a capacidade do recipiente o por conseguinte dizer com uma aproximação quási levada às milésimas, quantos quilogramas ali estavam depositados.

Não tinha outro processo.

E êsse funcionário zeloso e inteligente, alem dêsse processo, usou ainda do processo de informações, de que tambêm se socorreu.

Eu quis preguntar a um homem muito versado em cousas de caminho de ferro, um homem que tem uma vida de negócios de trinta anos de caminho de ferro, habituado a mandar fazer toda a espécie de medições e cálculos sôbre capacidades, e servindo-me dos dados fornecidos pelo Sr. Quevedo: um cais ou armazém com 30 metros de cumprimento e 12 de largura, sem indicação da altura, mas tratando-se duma parte terminus de caminho de ferro, quanto é que poderia conter de cereal ensacado?

Respondeu-me que êsse armazém ou êsse cais deveria ter uma altura de 5 a 6 metros, e nunca poderia ter mais de 1 tonelada e meia de arroz, exactamente o que o Sr. Quevedo tinha calculado.

Já V. Exa. vê que não há motivo para referências que não sejam inteiramente louváveis àquele funcionário, que alêm de proceder com zelo, procedeu com inteligência.