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8 Diário da Câmara dos Deputados

tra o facto de não ter sido chamado a dar parecer sôbre a proposta que se discute, fazendo parte, como faço, da comissão de correios e telégrafos.

Não pode alegar-se que não estivesse presente nesta casa do Parlamento, porque tendo o parecer a data de 12 de Novembro último, eu posso afirmar que ainda não faltei a nenhuma sessão depois que as Câmaras reabriram, em 7 de Outubro.

Bem sei que pouco valor poderá ter o meu conselho e que não possuo recursos para debater com vantagem os altos interêsses do país, mas é certo que, emquanto fôr Deputado da Nação, eu quero desempenhar as funções para que tive a honra de ser eleito, não abdicando dos meus direitos, de versar aqui, ou nas comissões a que pertencer, os problemas nacionais. E mal iria se a maioria ou alguêm pensar em pôr de parte qualquer dos elementos que constituem a Câmara.

Mas eu julgo, Sr. Presidente, que neste caso poderia dizer alguma cousa que interessasse à comissão. Não o podendo ter feito, vejo-me obrigado a expor o meu ponto de vista na Câmara.

É que a proposta em discussão devia interessar sobremaneira a região que eu aqui represento e vejo com desgosto que a Covilhã, sede do círculo por onde fui eleito, não é mencionada no relatório que precede a proposta, parecendo ser posta num plano secundário nas novas redes telefónicas e telegráficas que pretendem estabelecer-se.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações tambêm representa, como Senador, o distrito a que pertence aquela cidade e por isso mais de estranhar é o facto de pretender colocar-se em condição de inferioridade um centro tam importante na indústria e no comércio, que alguma cousa pesa na economia da nação, porque não pode admitir-se que o Govêrno ignore essa circunstância.

A Covilhã, precisa mais do que a maior parte das localidades citadas no relatório da proposta, de ter ligações telefónicas e telegráficas directas com Lisboa e Pôrto, porque, se isso não se fizer, pode ser largamente prejudicada na sua indústria e no seu comércio, sendo como é o primeiro centro manufactureiro do país, ocupando, pela sua população, o quinto ou sexto lugar entre as cidades do continente, e talvez o terceiro pelo seu valor comercial e industrial.

Eu vejo da proposta que ficam com ligações directas com as capitais da nação outras localidades de menor importância e não encontro motivo para admitir que a Covilhã fique, neste sentido, em piores circunstâncias do que Penafiel, Grândola, etc.

Efectuou-se na referida cidade uma reunião de todas as fôrças vivas, convocada pela associação industrial, para protestar contra o tratamento que lhe é dado na proposta, e não serei eu, como Deputado pela Covilhã, que deixe de levantar a minha voz para apoiar aqui êsse protesto, que é inteiramente justo.

O Sr. António Maria da Silva: - V. Exa. está enganado. No relatório não podia vir especificado tudo.

Trocam-se explicações entre o orador e o Sr. António Maria da Silva.

O Orador: - Tenho muito prazer em ser esclarecido por V. Exa. e só me felicito por ter provocado as suas declarações, pois folgo imenso em ver afirmar aqui a V. Exa. que a Covilhã não será tratada de resto nesta questão. Eu tinha mesmo o dever de provocar de V. Exa. essas afirmações.

Sr. Presidente: um outro ponto me levou igualmente a pedir a palavra. É a parte financeira do assunto. E no que respeita a êste aspecto da proposta, tenho o desgosto de constatar tambêm que não fui ouvido na comissão de finanças, apesar dela fazer parte à data em que se produziu o parecer, dando-se caso idêntico ao que já apontei quanto à comissão de correios e telégrafos.

Seria uma simples coincidência?!...

Mas, seja como fôr, a questão é deveras delicada para que não seja estudada detidamente em todos os seus aspectos.

Não compreendo mesmo porque é que, estando o país nas condições de fazer despesas, como parece ser indicado pelo Govêrno que apoia o projecto, não se organize um plano geral de melhoramentos, em que há outros não menos necessários do que o de que se trata, como sejam os respeitantes aos caminhos de ferro, às estradas que estão num estado miserável, à