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Sessão de 17 de Dezembro de 1919 9

irrigação, às quedas do água, ao problema colonial, etc.

Mas eu não julgo o país em condições de fazer neste momento essas despesas. Para que haja possibilidade de as efectuar é necessário que o Sr. Ministro das Finanças traga ao Parlamento as suas medidas e faça ver a sua viabilidade e o seu resultado.

Mas o país está cansado de esperar há longos seis meses por essas propostas e elas não aparecem. (Apoiados).

De resto, Sr. Presidente, pretendendo o Sr. Ministro das Finanças melhorar a nossa situação cambial, como é que admite que ela se vá agravar com a aprovação do projecto que se discute, quando é certo que a maior parte dos artigos necessários à conveniente dotação e instalação das novas linhas telegráficas têm de ser adquiridos no estrangeiro?

Lá se irão as cambiais que o Govêrno ainda tiver. Ou julga o Sr. Ministro que a questão cambial se resolve simplesmente com decretos?

O que o Govêrno devia fazer, Sr. Presidente, era antes de mais nada, procurar diminuir as despesas e aumentar as receitas.

Quanto às despesas, eu julgo que elas podiam ser grandemente diminuídas com a extinção do Parque Automóvel Militar, com a redução dos quadros do funcionalismo público em 50 por cento, com a redução da guarda republicana ao que era nos princípios da República, ficando a polícia dos concelhos a cargo dos municípios, e outras muitas medidas.

Embora reconheça a utilidade e até a necessidade dos melhoramentos de que se trata, termino, Sr. Presidente, dizendo, que não posso dar o meu voto ao projecto, sem que o Govêrno traga à Câmara medidas que melhorem as condições financeiras do país.

Tenho dito.

O Sr. Raúl Tamagnini: - Sr. Presidente : pedi a palavra para, segundo as minhas fôrças intelectuais, dizer alguma cousa que me parece indispensável, sôbre êste projecto.

Todos os oradores da oposição que têm falado têm dito que êste projecto aumenta as despesas, que se devia começar por outro assunto, como estradas, caminhos de ferro, etc. Tudo isso é preciso e bem, mas não poderia produzir os seus efeitos cabais sem a transmissão da palavra. É pela palavra que o homem se compreende; e os correios e telégrafos são a primeira cousa para o progresso do país.

Sim, é precisamente por aqui que se deve começar.

Outros serviços há tambêm muito importantes como construção e reparação de estradas. Para desenvolver o turismo é necessário ter estradas boas e as nossas estradas estão em péssimo estado. O inverno apresenta-se-nos ameaçador; essas estradas que já estavam em mau estado ficarão dentro em pouco absolutamente intransitáveis.

Eu não tenho conhecimento apesar das boas palavras do Sr. Ministro do Comércio, que na verdade se tenha procedido à conservação e reparação dessas estradas, especialmente no meu círculo, que é um centro industrial e de turismo, e que deve ser colocado em primeira plana.

Mas apesar de lamentar profundamente que êstes consertos de estradas se não tenham realizado, não deixo de reconhecer que é absolutamente necessário que se monte o serviço telefónico e telegráfico à altura da missão que nós republicanos nos propomos desempenhar em benefício do País.

Disse o Sr. António Maria da Silva que nem todos os pontos a que a organização do serviço, de harmonia com êste projecto, se refere, estão indicados no próprio projecto, e disse muito bem.

O Sr. António José Pereira disse que concordaria com o projecto, se motivos de ordem estratégica fossem a sua causa. Pois, evidentemente, que assim deve ser.

Não falo como relator, mas registo estas palavras para frisar que o partido a que me honro de pertencer zela pelo desenvolvimento do país, e não podia esquecer a Covilhã muito importante como centro manufactor.

O Sr. António José Pereira: - Eu tinha obrigação de provocar estas explicações.

O Orador: - Apresento os meus agradecimentos em nome do círculo que represento nesta Câmara, que é tambêm um dos mais importantes de Portugal.