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Sessão de 18 de Dezembro de 1919 17

podia demorar na Câmara, no primeiro dia que aqui vim, que foi ontem.

Fiquei surpreso com a deliberação da Câmara, para que se discutisse imediatamente a questão cambial.

Não tive de resto, depois dessa decisão, a mais pequena interferência, nem junto do Govêrno, nem junto da maioria para desejar que se afastasse a questão dos cambiais metendo-se outros assuntos de permeio, pois que como V. Exa. sabe, eu desisti de sair da Câmara, apesar dos graves transtornos que isso causou a vários serviços onde a minha presença era necessária.

De resto estou sempre pronto a responder a qualquer interpelação seja sôbre que assunto fôr, em que eu tenha responsabilidades, devendo dizer que acêrca de actos praticados por qualquer funcionário dependente do meu Ministério, tenho evidentemente de protelar a discussão até que possa inteirar-me perfeitamente do assunto.

Pôsto isto, ou vou passar em revisão a argumentação do Sr. Cunha Lial; S. Exa. esboçou simplesmente qual ora a nossa situação económica.

Para isso, serviu-se de dados estatísticos, que S. Exa. como director geral da estatística, que é, sabe serem absolutamente precários; serviu-se tambêm de dados fornecidos por um jornal e doutros que dizem respeito a 1907.

Ora, V. Exa. sabe que a estatística fornecida pelo jornal, não tem aquele rigor que é necessário para ser apresentado numa discussão desta natureza.

Eu creio que em nação nenhuma se pode estabelecer o paralelo entre a actual situação e a anterior à guerra.

São situações absolutamente diversas.

Eu cito imediatamente a V. Exa. um êrro de facto; V. Exa. disso que o decreto n.° 5:612, poderia quando muito representar 20 por cento da importância total da nossa importação, o que ela andava à volta de 4:000 contos.

O Sr. Cunha Lial: - Perdão, V. Exa. está enganado, eu disse que eram pouco mais ou menos 11:000 contos.

O Orador: - Ora V. Exa. disse que eram 11:000 contos e que nessa verba estavam 700, para automóveis; eu devo dizer, para esclarecimento, que na posse do conselho fiscalizador, que existe apenas há quinze dias, estão duzentos pedidos de autorização para importar automóveis de luxo, o que representa o melhor de 4:000 contos.

O Sr. Cunha Lial: - Mas, Sr. Ministro, eu fui o primeiro a declarar que êsses dados não eram absolutamente certos.

O Orador: - Felizmente para o país que as estatísticas estão erradas para menos.

Eu não cito uma importação errada porque os 7:000 contos de 1917 devem estar certos porque a fiscalização fez-se exercer para o pagamento de direitos.

Concordo plenamente com S. Exa. quando diz que o início do desequilíbrio vem, evidentemente, do desequilíbrio da nossa balança.

Eu cito a V. Exa. a quantidade de ouro que existe no país amealhado.

S. Exa. referiu-se tambêm à especulação, salvando os bancos.

É certo que, talvez do todos os especuladores sejam os Bancos os que menos especulem, mas são tambêm especuladores.

S. Exa. fala do seu lugar com um determinado fito...

O Sr. Cunha Lial (interrompendo): - Eu falo com um único fito que é o bem do país.

O Orador: - Eu não digo que não; mas S. Exa. fala sem que as suas palavras tenham a responsabilidade das minhas, estando eu neste lugar. As palavras de um Ministro das Finanças, neste momento, têm lá fora uma grande importância.

Disso S. Exa. que estamos perto da bancarrota. Não é exacto.

Interrupção do Sr. Cunha Lial.

O Orador: - S. Exa. compreende que eu tenho de usar palavras diversas das de S. Exa. embora ambos caminhemos para o mesmo patriótico fim.

O que eu não posso é empregar meios violentos.

Aconselhou S. Exa. dois caminhos a seguir: o da bancarrota e o da alienação duma parte do nosso domínio colonial.