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Sessão de 18 de Dezembro de 1919 9

O Orador: - Bem sei. Mas só a parte menos importante do material necessário é que poderemos encontrar nas nossas fábricas. Pelo menos 75 por cento irá para fora; o bastante para agravar a situação.

O Sr. António Maria da Silva: - V. Exa. afirma isso sob a sua responsabilidade técnica?

O Orador: - Veremos quanto vai para fora. Vai uma grande parte.

Não há benefícios públicos que justifiquem o dar-se semelhante sangria na nossa depauperada situação económica. Pelo que ainda ontem aqui foi dito pelo Sr. Cunha Lial, nós vimos como a mais pequena verba pode ter grande influência nas oscilações cambiais.

Se continuarmos a desbaratar, as reservas ouro, chegaremos a um estado de completa bancarrota. Assim não há forma de equilibrar a nossa balança económica.

Sr. Presidente: desde que abriu o Parlamento, ainda não vi uma única medida que não fôsse para aumentar as despesas.

Infelizmente vejo que o Sr. Ministro das Finanças, de quem, pela sua inteligência, eu muito esperava de bom, assina êste projecto que concorrerá para a saída do ouro.

É preciso que a Câmara repare que a verba de 8.000 contos é assaz importante para a nossa economia.

O Sr. Ladislau Batalha: - E o desenvolvimento das nossas linhas telegráficas e telefónicas, não representa nada?

Não dará o juro preciso?

O Orador: - Há de ainda provar-me se dá o juro. E tambêm ainda me há de dizer em que se gastaram os 8.000 contos.

Sr. Presidente: entendo que a oportunidade para apresentação dêste projecto, não é no momento actual. Seria aceitável se não nos encontrássemos no estado de absoluta miséria em que nos encontramos.

Tinha toda a razão de ser, desde que não tivéssemos a desgraça de constatar a existôncia de um deficit de 150.000 contos, no orçamento, orçamento que ainda nem sequer está discutido.

Eram estas as considerações que eu tinha a fazer.

O orador não reviu.

O Sr. Ladislau Batalha: - Não tencionava voltar a êste assunto, mas perante o que se está passando dentro desta casa, eu como socialista não posso deixar de acrescentar mais alguns comentários ao que já disse.

Pasmo da afirmação do meu pregado amigo, o Sr. Aboim Inglês, quando disse que se pretendem roubar 8.000 contos para os dar lá fora. Permita-me S. Exa. que lhe diga que essa afirmação é gratuita. (Apoiados).

Nós, socialistas damos o nosso aplauso a esta proposta de lei e nós socialistas que presamos aqui, e em toda a parte o nosso nome, não sancionamos roubos nem falcatruas. Temos plena consciência do que votamos.

Se no Parlamento se têm votado créditos para cousas, porventura, desnecessárias, não se compreende como êsse lado da Câmara principalmente venha regatear 8.000 contos para obras de fomento.

A doutrina do Sr. Aboim Inglês é extraordinária. Parece que aquele lado da Câmara ainda 16 pela economia de João Baptista Say e outros economistas antiquados.

Disse o Sr. Cunha Lial, a propósito da questão cambial que era necessário primeiro endireitar a nossa casinha, liquidar as nossas contas e depois falaremos.

Por outro lado - diz-se - é preciso intensificar a produção... Mas como é que a produção se pode intensificar, sem um imenso esfôrço é sem muita coragem para votar todas as verbas necessárias para que essa intensificação sé possa fazer?

É certo, não tenha S. Exa. dúvida de que uma cifra importante dos 8.000 contos ficará no estrangeiro.

Não admira, se o nosso desenvolvimento industrial é insignificante e precisaremos adquirir fora o material necessário a êste serviço.

Produzindo-se esta obra de fomento há mais um motivo para o desenvolvimento do intercâmbio comercial e industrial.

O dinheiro que se vai pedir emprestado encontra compensação suficiente para o pagamento do juro.