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Sessão de 18 de Dezembro de 1919 7

tela tem, não só uma razão, a qual poderemos chamar casuística, mas tambêm uma razão de oportunidade.

De mais a mais estou convencido de que da parte de quem elaborou e apresentou o projecto de lei, de forma alguma podia existir o propósito de que êsses 8:000 contos fossem gastos por uma vez. Hão-de ser gastos conforme as necessidades ocorrentes o exigirem. Contrai-se o empréstimo o realizam-se os melhoramentos, conforme as necessidades mais instantes.

Assim, entendo que o empréstimo se devia fazer por séries, aplicando-se as primeiras séries aos trabalhos urgentes de reparação e construção, do que poderemos chamar as linhas telefónicas e telegráficas estratégicas no país. E, depois de realizadas essas obras, seria permitido tambêm, por sucessivas étapes, realizar os melhoramentos indispensáveis para melhorar e renovar os postos telegráficos.

No que vou dizer não há, e S. Exa. o Sr. António Maria da Silva sabe-o bem, o propósito de menoscabar a sua acção como director, dos Correios e Telégrafos, nem tam pouco a mais leve insinuação sôbre a forma como tem dirigido êsses serviços.

S. Exa. reconhecerá que, apesar da sua boa vontade, que apesar dos seus conhecimentos técnicos e ainda do conhecimento perfeito dêsses serviços, visto que os está dirigindo já há muito tempo, S. Exa. reconhecerá, repito, que êsses serviços não correm por forma que tenham conseguido a confiança do país.

Eu sei que os serviços postais não estão em causa, não tratamos, efectivamente, agora dos serviços postais, mas ninguêm ignora que a direcção é a mesma, e que dos maios de que enferma um serviço enfermam tambêm outros, e não me pareça que possamos dar ao país a impressão de que êste empréstimo será bem aplicado se nos não resolvermos primeiro a melhorar a organização actual dos serviços postais e telegráficos por forma que, dentro das possibilidades actuais, nós recebamos a correspondência na hora, própria.

Estas considerações ainda, não tinham sido feitas e era indispensável que se fizessem, porque, o país tem o direito de exigir que se arranque dos serviços actuais o máximo do rendimento, o máximo da utilidade, antes que telhamos de lhe pedir os sacrifícios indispensáveis para completar êsses serviços, em harmonia com as necessidades presentes e futuras.

Sr. Presidente: não posso aventurar-me a dizer que se não tenham feito todos os esfôrços para se conseguir êste desideratum mas até agora não foi conseguido ou seja por deficiência do direcção, por vício de organização, ou seja ainda por incompetência do pessoal. O certo é que os serviços postais e mesmo telegráficos têm absorvido quantias avultadas desde que se proclamou a República até hoje e todos sentem que êsses serviços funcionavam melhor nos últimos tempos da monarquia do que actualmente. Os serviços telegráficos, nos tempos da monarquia, funcionavam muito mais regularmente do que funcionam hoje apesar de haver mais linhas, muito mais pessoal e êste muito mais bem pago.

Não é, com certeza, pelo facto do serviço ser maior, porque, como digo, o pessoal é muito mais numeroso e as horas de serviço extraordinário pesam por tal forma sôbre as despesas provenientes dêsses serviços, que bem se pode dizer que representam uma percentagem muito elevada nas despesas efectuadas com os serviços postais.

Sr. Presidente: parece-me acertado estabelecer-se que o empréstimo se faça por séries, que podem ser de 2:000 contos, mas julgo tambêm necessário que com relação a cada 2:000 contos se faça uma planta ou um plano, e que essa planta ficasse inteiramente nas repartições técnicas, porque nós com isso nada temos.

Ainda, Sr. Presidente, isso representa uma economia notável, porque se pagará monos juro e não se influirá, tam decisivamente no agravamento da situação cambial, visto que a exportação de ouro será temporizada, devendo mesmo, ao que parece, realizar-se as reformas das linhas nacionais, as ligações que são necessárias e construir-se as novas linhas telegráficas e telefónicas em Portugal. Faça-se êsse empréstimo, mas faça-se com que uma parte dêle seja imediatamente aplicado ao país, o que, se envolve juro, não envolve exportação de ouro, adiando-se,