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Diário da Câmara dos Deputado»

E pelas obras de fomento, pelo desenvolvimento comercial e industrial e pelo desenvolvimento das nossas colónias, em pouco tempo, pagaremos com bons juros, todos aqueles sacrifícios que acaba de fazer. Mas, como dizia, 6 necessário toda esta obra, para que depois possamos ir, porque há absoluta necessidade do fazer, ao estrangeiro pedir também o dinheiro do que necessitamos para continuarmos, anãs então eru ponto maior, toda essa obra de fomento. Não o poderemos fazer sem termos regularizada a nossa situação cambial.

Faça-se pois, essa obra, não direi cm ponto tam grande como a Bélgica o está iazendo, mas pelo menos como a Itália. Triste é dizG-lo. mas deve dizer-se, façamos, ao menos, uma obra como está fazendo a Alemanha que apesar de reduzida a uma situação paupérrima, está realizando esforços sobreumanos para se levantar.

Em Portugal, porém, ainda nada se tem feito. Não calcula V. Ex.a a situação em

trangeiro nos pregunta qual tem sido o nosso esforço.

£0 que responder? Nada! Na verdade nenhum esforço ainda fizemos. Tem-se pensado que o Banco de Portugal é a máquina mágica para fazer dinheiro. '

Isto e nada mais.

E com notas saídas do Banco de Portugal que o país tem vivido.

Não há dúvida de que algumas medidas económicas têm sido promulgadas, mas pouco vemos dos seus efeitos, porque de facto elas não têm sido acompanhadas das devidas providências financeiras.

Era isto que eu tinha a dizer em nome da maioria parlamentar.

Há ainda -outra obra e não menor que aquela que já referi e que nem bem se calcula hojo ò alcance que poderá atingir, obra imensa, que é o nosso desenvolvimento colonial. Por motivo de doença do Sr. Ministro das Colónias, nada pôde dizer-nos ainda hoje sobre o assunto, o Sr. Presidente do Governo, mas todos nós conhecemos o Sr. Álvaro de Castro actual titular da pasta das colónias, sabemos da sua grande inteligência e dos" seus vastos conhecimentos, temos aprova da sua energia servida por aquelas qualidades. pelo que foi a sua modelar admi-

nistração na província de Moçambique (Apoiados] e assim poderemos ter a certeza, de que a sua acção no Ministério das Colónias, há-de corresponder às necessidades do país, há de corresponder ao que as colónias reclamam, e que S. Ex.a com todos os outros Ministros cujas pastas intervêm no fomento e na economia do país, auxiliados pelo Sr. Ministro das Finanças, há-de efectivamente iniciar essa grande obra de regeneração económica e financeira, e deixem-me dizer, essa obra nacional de que o país tanto carece e que há-de consolidar e prestigiar mais uma vez, a República. Há-de S. Ex.a, corno disse, iniciar essa obra que é muitíssimo grande: mas como o país nSo pode ser governado senão por republicanos, patriotas e homens de boa fé e de boa vontade, não deve o Governo recear fazer essa obra, pois' que os seus continua-dores com os olhos fitos no prestígio da República, e nos interesses da Pátria, hão--de dar-lhe seguimento. Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Ramada Curto : — Tomando a palavra em nome da minoria socialista, a propósito da apresentação dos novos Ministros do Governo presidido pelo Sr. Sá Cardoso, devo dizer que a impressão que eu colhi, ouvindo as declarações do Sr. Presidente do Ministério, com lialdade e franqueza o digo, foi de desolação e tristeza. Depois de ouvir o discurso proferido por S. Ex.a fiquei com aquela sensação de quem está sofrendo a depressão dum duche de água tépida, desconsola-dora, desagradável, morna. Ou fosse pelo tom da tarde, ou pelo acinzentado das pessoas que se juntavam cm redor do S. Ex.a, eu direi que o tom das suas palavras, das suas frases e das suas conclusões me deixou uma tam desoladora impressão.