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Povo operário não o tem pelo seu lado, nem sequer pode contar com a mais culta das classes operárias, os ferroviários. £ Então o que lhe fica?

Archimedes levantava o mundo se lhe dessem urna alavanca, e um ponto de apoio. S. Ex.a terá talvez a alavanca, mas falta-lhe em absoluto o ponto de apoio.

Lamento quo assim seja, tanto mais que, dentro*do actual Governo, tenho alguns amigos queridos.

S. Ex.a está na situação de Pyrrho quando no cerco de Tróia.

S. Ex.a não pode nada. Está no espaço, vivendo de balões de oxigénio, numa vida artificial.

'jTriste noção a dos actuais homens públicos, aos quais compete a missão de gç-vernareni o país!

jTriste noção a destes homens que não tem a coragem de pôr em execução um programa intogralista!

Eu vi, pelas palavras do ilustre leader da maioria, Sr. Vitorino Guimarães, que se pensava em comprimir as desposas, equilibrando-as com a receita, isto é, vai tirar-se o pão a muita gente.

Quanto à não nomeação para os cargos que vagarem senão dos adidos, isso não é novidade, já está bem expresso na lei de 14 de Junho de 1913, já o Sr. José Barbosa se antecipou na publicação duma lei a ôsse rospeito, que tem sido rigorosamente cumprida.

Disse o Sr. Vitorino Guimarães que antes de mais nada se hão de comprimir as despesas e só depois se verá o que há a fazer em matéria financeira, isto é,- só depois de ganharem a confiança pública, neste país onde, durante a guerra se não lançou um único imposto.

Quando, em 1914, rebentou a guerra não houve o cuidado elementar de pôr no Banco de Portugal quatro ou cinco milhões de libras, quando nesse tempo era cousa tam. possível, para evitar a formidável depreciação e desvalorização da nossa moeda. E depois decreta-se uma moratória que, tendo os câmbios tido um tam grande agravamento, se traduziu em obrigações contraídas a 34, H5 e 40 que se liquidaram a 30, 31 e 29.

Nessa moratória nós devíamos ter a contrapartida indispensável com o dreno do ouro.

Diário da Câmara do» Deputados

Durante cinco anos nós brincámos à gaspilhagem do ouro.

O que o Brasil fez em 1915, relativamente a câmbios e importações, fazêmo--lo nós só em 1919, o ainda assim mesmo foi preciso que um Deputado socialista o indicasse.

Agora pregunta-me S. Ex.a a razão por que eu, estando no Ministério da s Finanças, não fiz obra tributária.

Eu já explico.

E que um Governo que estava de facto em ditadura — e oxalá que o não estivesse — e tendo sido eu de todos os Ministros o mais sacrificado, entendi que não podia dar origem a uma crise ministe-** rial.

E quando apresentei a minha proposta de lei de meios fiz a declaração.de que era necessário rever a proposta do Sr. Domingos Pereira.

Não podia dar origem a uma crise ministerial, todos tomaram a responsabilidade da obra feita, todos a assinaram e o Ministro das Finanças tomou com orgulho a responsabilidade da obra que fez em matéria fiscal e em dictadura.

Para dar o exemplo do potencial do Ministro das Finanças, deixem-me Ipjnbríir--Ihes o que sucedeu com o célebre imposto de luxo.

Não desconhece S. Ex.a que em França e outros países, primitivamente, essa taxa era cobrada pela simples declaração do vendedor que entregava ao fisco o imposto que por lei lhe competia.

Isto, porém, demandava uma analiso quási constante do que resultava uma situação vexatória para o comércio.

O comércio protestou com o fundamento da elevação da taxa e que a fiscaliza- ° cão era vexatória para os seus interesses e que alguns comerciantes teriam de fechar os seus estabelecimentos.

A Câmara dos Deputados -deu voto favorável, mas o Ministro das Finanças, não concordando, levou ao Senado o assunto e 'a Câmara dos Deputcidos teve de en-gulir a votação.

E só depois ó que o Ministro chamou os interessados e com eles tratou.

Eu estabeleci uma taxa de $02 por cada escudo, apenas com o intuito de adaptar o país à mecânica, e depois a aumentaria.