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de 6 e 7 de Janeiro de 1920

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país, como escreveu Camões, lhe diga: «Saiba morrer, quem viver não soube».

E eu, Sr. Presidente, se tivesse a pretensão de ser um Cícero, diria: Q.uousque tandem Sá Cardoso, abutere patíentice nos-trcB?

Tenho dito, Sr. Presidente.

O Sr. Tavares de Carvalho : — Requeiro que seja prorrogada a sessão até se liquidar Oste incidente.

Fot lido na Mesa o seguinte :

Requerimento

Requeiro que seja prorrogada a sessão até serem discutidas as declarações feitas por S. Ex.a o Presidente do Ministério.

6 de Janeiro de 1920. — Tavares de Carvalho.

Aprovado.

O Sr. António Granjo : — Sr. Presidenta: a crise e a solução dela tem aspectos quo ainda não foram devidamente apreciados pelos ilustres oradores que me precederam, aspectos que, quanto a ruim, revestem uma certa gravidade.

Vários apartes do Grupo Parlamentar Popular quanto à -prioridade de usar da palavra.

O Orador : — Devo dizer que foi sempre, em todos os Parlamentos, uso conceder a palavra aos oradores conforme representam os grupos parlamentares mais numerosos (Apoiados e novos apartes].

Fiz esta observação não como censura, visto que comecei a falar quando o Sr. Presidente me deu a palavra e porque essa palavra me competia (Apoiados]. E tenho o direito de fazer essa observação.

Há praxes e costumes em todas as instituições que, desde que não sejam respeitadas, envolvem sempre tal ou qual desprestígio e perturbações para essas instituições. (Apoiados}.

Sr. Presidente: como ia dizendo, a crise e a sua solução reveste aspectos quê ainda não foram devidamente apreciados, e que entendo dever notar por serem duma certa gravidade.

Cumpre-me, em todo o caso, apresentar desde já, em meu nome e em nome da minoria liberal, os cumprimentos aos novos Ministros, lamentando quo, por motivo de doença, não possam compare-

cer ainda hoje os Sr s. Álvaro de Castro e João Luís Ricardo.

Os novos Ministros são altas figuras republicanas, que 90 distinguiram notavelmente tanto na proclamação da República como no tempo da propaganda, pela nobreza do seu carácter e fé viva nos destinos da Nação e prosperidade da República.

Á minoria liberal apraz sempre fazer justiça aos homens.

O primeiro aspecto que merece a atenção do Parlamento é que a crise foi aberta e foi resolvida fora do Parlamento. (Apoiados). „

Uma das bases da propaganda republicana foi sempre a de que os Ministros eram nomeados'e demitidos, e os Ministérios feitos e desfeitos fora da Câmara, que representa a vontade popular, pelo simples alvedrio dos reis e por virtude do indicação do Paço.

O que se está vendo ? É que o Sr. Presidente do Ministério, para resolver a crise, apenas ouviu o Directório do Partido Republicano Português, substituindo assim as intrigas do Paço pelas intrigas do Directório, ou a vontade do rei pela vontade do Directório, fugindo do Parlamento.

A notícia da crise apareceu nos jornais e consta da nota oficiosa e das declarações do Sr. Presidente do Ministério, que

0 Chefe do Estado só tomou conhecimento da crise em 2 de Janeiro, e no dia

1 vinha o retraio dos novos Ministros nos jornais, que faziam o seu elogio, como se porventura a vontade do Chefe do Estado estivesse subordinada à vontade do chefe do Governo.

É necessário que isto se diga para censurar quem não teve respeito pelas altas funções quo desempenha o Chefe de Estado.

Muito se íem censurado e discutido o desprestígio do Parlamento. Pouco mo importa com as censuras da imprensa, desde quo eu possa expor livramento, como Deputado, as miphas opiniões, mas importa, e muito, quo Osso desprestígio seja provocado pelo Parlamento ou por actos do Governo.