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Sessão de 6 e 7 tte Janeiro de 1920

O Orador: — Sai o Sr. Ministro das Colónias, cuja opinião em relação ao problema colonial se anunciava discordante do ponto de vista da maioria, e sai o Sr. Ministro da Agricultura a respeito de cuja acçEío se mostra que, por virtude das suas hesitações, só f m relação a fornecimentos de trigo fez perder ao Estado mais de um milhar de contos. Pois bem! Estes trôs Ministros saem e o chefe do Govôrno, que é pela Constituição o responsável pela política geral do gabinete que se faz por essas pastas, fica.

Ora, que garantias nos pode dar o Sr. Sá Cardoso de que de >hoje por dianto terá uma mais nítida, mais perfeita, mais justa compreensão do que seja a política geral do seu gabinete, do que aquela que tinha ontem?

De duas, uma: ou o Sr. Presidente do Ministério não tinha a mais leve noção do que fosse a política geral do seu gabinete, e continua ainda nesse delicioso estado de alma, ou S. Ex.a confia ex«lu-sivamento nas forças dos novos Ministros para a realização dessa política geral de gabinete.

^E' como é possível que possa haver confiança na acção de S. Ex.a, como é possível, em face do simples enunciado desta situação?

V. Ex;a, Sr. Presidente, verificou a forma porque o Sr. Ramada Curto, ilustre leader da minoria socialista, atacou, por assim dizer vivamente, pessoalmente quási, o Sr. Presidente do Ministério, e V. Ex.a verificou também — e creio até que S. Ex.a o notou— a forma absolutamente indiferente por que a maioria recebeu esse ataque cerrado, justo em muitas partes, do Sr. Ramada Curto. E que, Sr. Presidente, o Sr. Sá Cardoso não vê, não sente, não reconhece, j mas a verdade é que nem a maioria tem confiança em S. Ex.a!

Vozes da maioria: — Não apoiados!

O Sr. Carlos Olavo: —V. Ex.a dá-me licença?

O discurso de S. Ex.a foi vivo, mas foi correcto, porque, doutra maneira, também não o consentiria a maioria. De resto também V. Ex.a está, e no seu direito, a atacar o Governo; apenas no que V. Ex.as não estão de acordo é na atribuição do

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favor popular: V. Ex.a entende que o povo, neste momento, está ao lado dos liberais e o Sr. Ramada Curto entende que esse povo está, ao lado dos socialistas.

O Orador:—Eu não frisei esse facto, mas aproveito a afirmação de V. Ex.a

Mas, Sr. Presidente, a minha observação de há pouco não pode ser apagada simples mente por alguns Mo apoiados.

A significação desse facto não a tiro eu apenas, tira-a Q país.

,Veja V. Ex.u, Sr. Presidente, a confiança que nos pode merecer o Sr. Presidente do Ministério que ainda há alguns dias aprovou em conselho de Ministros a reforma dos serviços do Ministério da Agricultura e que, passados poucos dias, vem propor ao Parlamento a suspensão dessa mesma reforma.

Verificámos que S. Ex.a apenas anunciou essa mudança de propósitos e opiniões, sem sequer nos dizer que razões tinham modificado essas opiniões, alegando apenas que entraram novos Ministros.

Assim, Sr. Presidente, tendo falhado a política geral de gabinete presidido pelo Sr. Sá Cardoso não era S. Ex.a a pessoa mais idónea para continuar à frente do gabinete, nem me parece que traga prestígio para o Poder e para o Parlamento a existência dum Governo que tem à sua frente o homem que, depois de ter governado seis meses, vem ao Parlamento, com uma simples mudança de Ministros, afirmar que ó preciso mudar de rumo, que £ indispensável reduzir as despesas, que é indispensável criar receitas, afirmar, emfim, em palavras que, sem desprimor, só podem chamar banais, o que vem todos os dias enunciado nos artigos de fundo dos mais ignorados jornais dos mais ignorados cantos do país.

Pois é certo que ó indispensável reduzir as despesas e aumentar as receitas (imas, que nos disse S. Ex.a mesmo dentro desse comesinho programa? Que era indispensável reorganizar os quadros e que íiqueles funcionários que fossem dispensáveis ficassem adidos.