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Sesaao de 6 e? de Janeiro de 1920

O Sr. Ladislau Batalha : — Uma libra custa quatro!

O Orador: — i j Pela pasta do Fomento e do Comércio o que é que o Governo nos apresenta'?!

Urna proposta sobre barcos, um relatório, sem elementos para podermos apreciar e estudar, sem elementos para estudar essa alta medida que levantou lá fora, aqui o afirmaram e muito bem, os Srs. António Granjo e Ramada Curto, uma onda de suspeições contra a Eepública, que deu origem a especulações espantosas na nossa praça.

Mas, Sr. Presidente, daqui declaro ao meu país que essa proposta, tal como veio, não passará neste Parlamento, ã não ser que o Poder •Executivo mande entrar nesta sala a força armada para nos expulsar, que bem pouco somos, deste Parlamento em que nos achamos. E, Sr. Presidente, se porventura não podermos impedir que negociatas de qualquer natureza possam aqui passar, saberemos ir lá fora falar ao povo, saberemos proclamar a revolta contra este Governo ou contra qualquer outro que queira impor-nos a sua incompetência, o seu riso e a sua ignorância completa.

O turismo! Sr. Presidente: nem isso representa uma obra do Governo. Ji/ uma obra de Deputados.

Ao passo que se quere fazer a entrega dos barcos, porque o Estado não tem elementos de administração, vem Sr. Presidente do Ministério afirmai- que é preciso fazer o resgate das linhas férreas duma companhia falida, para as entregar à administração do Estado. E admirável!

Sr. Presidente: debaixo do ponto de vista da obra,da guerra, direi, embora seja amigo do Sr. Ministro da Guerra, cujas altas qualidades de inteligência e de patriotismo muito aprecio, embora tenha com S. Ex.a um convívio bem aturado dos tempos da escola, que até hoje o Governo não conseguiu discutir o projecto de lei sObre os oficiais milicianos. (Apoiados).

Serviram os milicianos como carne de canhão para irem para a guerra, serviram para erguerem bem alto o prestígio da Eepública, e agora, pela circular do Sr. Ministro da Guerra, Osses milicianos vão para a rua. A maior parte dos oficiais da

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guarda republicana, qne é de milicianos, sairá das fileiras em virtude daquela circular.

Vão para a rua! Eles! o grande sustentáculo da República; eles! os valentes que nas horas amargas de Monsanto, souberam afirmar um grande espírito de coragem que se traduz no seu grande amor à República. (Apoiados).

Os desertores, aqueles que fugiram, por terem $nedo da guerra, são, nos termos de um projecto desta Câmara, reintegrados como desertores e reformados, para que continuem a receber do Estado aquilo que, em traição, lhes deram em troca, contra a República.

Sr. Presidente : ,; sob o ponto de vista da instrução pública em Portugal, o que terá feito o Governo?

Tenho por S. Ex.a. o Sr. Ministro da Instrução Pública, uma elevada consideração, mas devo dizer que mo parece que a obra feita pelo seu Ministério é uma obra caótica, sem norte, sem guia. E uma obra anarquisante de toda a instrução em Portugal.

Ultimamente até levantou conflitos com uma classe amorosa da República, que a ela tem dado todo o sen esforço.

S. Ex.a pretendeu deitar a baixo as juntas escolares.

Não será sem o nosso mais veemente protesto e sem a discussão mais aturada.

j Sob o ponto de vista da agricultura' é um pavor! O Ministro soletrando as exigências nacionais caminha hesitante e receoso limitando a sua acção a distribuir os funcionários do extinto Ministério dos Abastecimentos pelos outros Ministérios, sem se preocupar com os péssimos resultados do seu procedimento.'

Por outro lado, afirma-se que a área cultural do nosso País é cada vez mais restrita e eu sei que o Governo pensa em promover a compra de mais de 40:000 contos de trigo. Sendo assim, como se explica a inércia do Governo, não obrigando os proprietários das terras a produzir por meio, se tanto for necessário, de medidas coercivas. Nada, porôm, se fez nesse sentido e o Ministro em vez de cultivar os campos pensou apenas em cultivar os Ministérios. (Apoiados).