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Diário da Câmara dos Deputado»

Assistimos durante as férias parlamentares, pelos extractos dos jornais, às diversas démarches para a solução da crise ministerial, que, houve um momento, pareceu pretender resolver-se apelando para uma conciliação, falando-se no Partido Republicano Liberal.

O que é certo é que o país ficou sabendo que a crise era parcial e três Ministros do Governo Sá Cardoso sairiam: o das Finanças, o das Colónias e o da Agricultura.

Preguntamos nós todos: ^ porque era que, nesta altura, se1 faz uma crise parcial de Gabinete?

£ Porque é que, nesta altura, tem ainda veleidade o Sr. Presidente do Ministério para ficar no poder e se faz uma recomposição?

é A obra governamental do Gabinete do Sr. Sá Cardoso tinha porventura sido uma obra, sob o ponto de vista do interesse do país, que tivesse trasido ao país, não direi já a felicidade, mas, em suma um rumo, diverso do que até aqui se tinha trilhado ?

Não. O 'Sr. Sá Cardoso alijava três Ministros que tinham realizado uma obra, efectivamente.

Não quero trazer para a discussão as declarações mirabolantes que o Sr. Presidente do Ministério fez aqui um dia, quando, pela primeira vez, nos veio dar contas do Governo.

O que eu tenho de constatar como elemento de oposição ao Governo, interpretando as aspirações do Grupo Popular que tenho a honra de dirigir, é que durante os seis meses do Governo do Sr. Sá Cardoso, apenas se fez uma obra do inércia e incompetência.

Foi um período morto!

S. Ex.a nada mais fez do que tornar possível em Portugal o movimento do conspiração contra a República.

O Sr. Sá Cardoso disse-nos que o País nadava num mar de rosas, e dias depois confessava a sua incompetência política fugindo ao debate político,.dizendo que se planeava uma revolução de mão armada contra a República.

O Sr. Presidente do Ministério entrou para as cadeiras do poder como alto pimpão de força contra os ferroviários que estavam em greve, dizendo que com eles não trataria ernquanto não retomassem o

trabalho, e assim prolongou durante dois meses uma greve, para no fim pedir um crédito de dois mil e tantos contos que ainda não sabemos que destino teve.

O Sr. Sá Cardoso, mais tarde, reconhecendo a razão das reclamações dos ferroviários, vai socorrer uma companhia falida para lhe acudir!

Sob o ponto de vista social ^qual foi a obra do Sr. Presidente do Ministério ?

Ele teve o condão de afastar cada vez mais do seio da República essa massa de trabalhadores organizados que está manifestando o seu desgosto pela maneira como tom sido tratados pelos governos deste País.

Sr. Presidente: o Sr. Presidente do Ministério tem atirado com a palavra bol-chevísta para o seio do burguês assustadiço, quando em Portugal apenas se conhece essa palavra pelo que di?em os telegramas trágicos que os jornais apresentam.

O Sr. Presidente do Ministério tem feito divorciar as classes trabalhadoras da República, quando elas podiam viver dentro da República embora sonhando com novas sociedades. K preciso que o Governo olhe bem para isto.

Sr. Presidente

Até hoje, nada!' O Governo com a maioria desta Câmara o, a maioria do Senado ainda não conseguiu arrancar o projecto das indemnizações, e aqueles - republicanos que se bateram estão à espera que o Governo cumpra o que prometeu.

£'0 que fez o Governo durante três meses pela pasta das finanças ?

Criou uma situação pavorosa, unia situação desgraçada com um enorme aumento de despesa. (Apoiados).

Nós nada sabemos quanto a despesas de guerra. O País não sabe quanto deve e o, Governo conserva-se inerte ó inudo.

Ultimamente deu-nos o elixir do decreto das cambiais.

O Sr. Cunha Liai: — O resultado tem sido tam bom que o câmbio fechou hoje a 17.