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j as de luxo espantoso e inacreditável, de ouro e de prazer, onde se estadeiam mulheres de exportação, de colos alab as trinos, que levam o dinheiro dos desgraçados para fora de Portugal!

i E quere S. Ex.a fazer uma obra de energia, de arranque, de decisão, quando — aqui para nós—não fecha as casas do batota por que tem medo duma revolução!

Risos.

O Sr. Presidente do Ministério (Sá Cardoso) :—Eu tive coragem de o dizer no Parlamento. No dia cm que fecharem as casas de jogo temos trôs a quatro mil indivíduos a conspirar.

S- Ex,a vai às casas de jogo, mas não joga.

Nos outros Ministérios tem sido sempre assim e S. Ex.a não protestou contra o jogo.

O Orador:—Vou, mas não jogo. Deixo à consideração dos raros homens de bem desta terra, a apreciação da ati-

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para opor alguma coisa às minhas palavras, declara que vou às casas do jogo. . . A. polícia de segurança do Estado informou o íSr. Presidente do Ministério, de que vou às casas de jogo. Vou poucas vezos, porque não sinto prazer em lá ir. Nessas casas tenho nojo.

Uma voz:—V., Ex.as estavam em ditadura e podiam fazer o que quisesaem.

O Orador: — Os senhores nem ditadura fizeram.

Apartes.

Agrada-lhes o conselho porque não têm razão. •'

Interrupções.

O Orador: — Ao Governo do Sr. Domingos Pereira não cabe a responsabilidade, porque os partidos puxavam cada .um para seu lado.

Os partidos tom as suasjclientelas e por isso impedem que se faça muita cousa.

Mas admitamos que a culpa foi nossa. 4 Porque é que S. Ex.a não proíbe o jogo?

. O Sr. Presidente do Ministério (Sá Cardoso):— Não permitirei o jogo, mas não fecho as casas.

Eu explicarei...

Diário da Câmara dos Deputados

O Orador: — O Sr. Presidente do Ministério quere o jogo e os barcos...

Mas, se S. Ex.aoSr. Presidente do Ministério pensa em manter a sua posição no Governo e criar força para governar, eu digo que o símbolo da sua fraqueza é este: não pode com as batotas de Lisboa.

S. Ex.a deixou-as desenvolver, diz que tem o apoio do Parlamento, da opinião pública, mas contra o voto do seu Partido, contra a opinião dos seus correligionários, S- Ex.a deixa que o jogo floresça. A observação quo S. Ex.a, como ilustre homem de Estado que é, fez, foi que eu, Ramada Curto, maior, vacinado e chefe do família vou para as casas'de jogo.

E verdade, Sr. Presidente do Ministério. Ainda há dois dias estive numa.

O Sr. Presidente do Ministério (Sá Cardoso):—Piores afirmações já aqui se produziram a meu respeito.

O Orador :—Eu não as produzi.

O Sr. Presidente do Ministério (Sá Cardoso):— Por acaso eram falsas.

O Orador: —

Também Marco António que era um grande general, como S. Ex.a sabe, deixou-se também seduzir por Cleopatra- ,.

O Sr. Presidente do Ministério (Sá Cardoso):— Muitos outros Marcos Antónios sé têm deixado seduzir.

O Orador: — Isso também é comigo?

Mas, falando muito a sério, eu devo dizer ao Sr. Presidente do Ministério e ao seu Governo que ele não tem força, que não tem o apoio das classes conservadoras, que apenas esperam a isca que S. Ex.a lhes atirar, para depois lhe dizerem adeus; das classes populares não tem S. Ex.a o apoio, porque essas não o escutam, não o ouvem.