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Diário da Câmara dos Deputados

Quanto a realizações concretas, diz o Sr. Presidente do Ministério que vai comprimir as despesas. E preciso, porém, que nos não deixemos arrastar pelas frases de efeito. l

.Nunca foi a elasticidade —principalmente num país que pela força das circunstancias não pode transformar o seu meio rapidamente— qualquer cousa em que S. Ex.a possa fiar-so para o ressurgimento das finanças nacionais.

Há incompetências, há desperdício s, há sempre várias frinchas por onde saem 10.000$ para .um lado, 20.000$ para outro. Uma administração honesta pode, sem dúvida, tapar a saída de dinheiro; nma administração escrupulosa pode, sem dúvida, ir aos quadros do funcionalismo e com o apoio que lhe der uma opinião pública, que o aguente para que se não vá abaixo, comprimir uma relativa su-perabuadância de funcionários.

Mas isso são dezoito vinténs um orçamento de milhares de contos.

O ÍSr. Cunha Liai (interrompendo): — O Sr. Presidente do Ministério ainda hoje declarou que concordava com a reorganização do Ministério da Agricultura, que foi publicada e só por circunstâncias políticas do momento deixava de se pôr em execução. Não reparou sequer nisto: que a Direcção Geral da Estatística Agrícola que criou nesse Ministério, e que ainda não publicou um único trabalho, tinha sete funcionários quando dependia da Direcção Geral da Estatística e pela nova reorganização passou a ter 577. ]&& essa a compressão de despesas empregada pelo Sr. Sá Cardoso?!

O Orador:—A pura e simples panaceia do equilíbrio orçamental e a compressão das despesas, digamos por respeito à nossa inteligência, que já fez o seu tempo, e desacompanhada de qualquer outra acção que legitime a competência dum funcionário ou o esforço possivelmente simpático dum administrador, tanto mais fácil quanto é certo que em determinados momentos alguns administradores tem-na podido realizar, tem, no emtanto, travado de tal maneira .o carro, que o tem empinado, e o resultado do travão tem determinado tal aumento de despesa, uma tal contrapartida de desgraças, que melhor seria

que houvesse mais competência na rédea, em vez de haver o escusado simplismo de travão.

Eu não digo a S. Ex.a que abra as mãos folgadiamente, que administre os di-nheiros públ cos como esbanjador, como perdulário; . o que eu digo, é que por mais e ma1s rigorosa .que seja a compressão de despesas públicas, ó necessá-presão perder dó vista que essa corn-rio não vai fazer-se sobre a miséria de muita gente, e pode acarretar despesas semelhantes às que se despenderam por ocasião das greves dos correios eteiegra-fos, em 1907, e doa ferroviários do ano passado,

Foram 20:000 contos arrancados àoco-nomia nacional, e 5:000 contos que saíram directamente dos cofres públicos, por que S. Ex.a, que é tam tolerante, benévolo e bondoso para todas as opiniões políticas, esqueceu-se de que tinha um enorme exército republicano, que era o exército do operariado dos caminhos de forro! S. Ex-.a levou, com o seu. acto, o operariado para o extremismo revolucionário, para o socialismo da acção directa, para o sindicalismo revolucionário, de forma que tirou à Kepública o apoio duma classe, duma colectividade, como em 1917, pela maneira atrabiliária'e-violenta com que se pretendeu resolver a grev3 dos correios e telégrafos, classe que é a mais nobre e republicana da democracia portuguesa.

ô Sr. Sá Cardoso segue o critério económico da Dona Joaquina: apertar mais dois furos. É simples. O estadista, para mostrar como se poupavam os dinheiros públicos, chegava ao Orçamento Geral do Estado e onde estava «Posto Zootécnico da Fonte Boa», para ração de gado: 200 contos»e 200 contos!? É muito: põe-se 100 contos..

O Sr. Brito Camacho: — Já se fez isso com o apoio de V. Ex.a!...

O Orador:—Está V. Ex.a equivocado.

O Sr. Brito Camacho : — Mas nesse tempo ainda V. iíix.a era, democrático.