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Diário âa Câmara dos Deputados

V. Ex.a sabe bem que nós temos um grande déficit de carvão e que não podemos, nem devemos, ir cobri-lo com as madeiras das nossas florestas.

É preciso pensar na hidráulica agrícola para valorizar os nossos terrenos. É preciso fazer uma obra modesta, sem grandes planos, mas realizá-la.

Isto é um assunto deveras interessante, e, se não fôbs(e por cansar a atenção da Câmara, eu exporia as belas considerações do Sr. Ezequiel de Campos, que neste Parlamento deu o nielhor do seu talento.

Eu, como pela pasta da Agricultura não me respondem, espero para depois, que o Sr. Ministro me diga o que pensa sobre os diversos pontos a que me tenho referido.

•> Ao Governo incumbia a obrigação de ter um programa e. não o tendo, devia sair...

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Domingos Pereira): -E V. Ex.a estar aqui, o que eu veria com muita satisfação.

V. Ex.a está fazendo uma interpelação, sem a ter anunciado, contra iodas as praxes; V. Ex.a está fazendo preguntas concretas.

O Orador: — Eu aproveito a ocasião para fazer estas considerações e, mais tarde, entrarei detalhadamente no assunto.

Nenhum Ministro, por mais habilitado que vá para a sua pasta, pode resolver a questão neste momento, pois é precisa uma colaboração desinteressada do Parlamento com o Governo para levar a bom termo a obra nacional que se nos impõe.

Eu desejava que se nomeasse uma comissão, constituída por membros de todos os lados da Câmara, para estudar, de colaboração com o Governo, as questões mais instantes e de maior importância, como seja o nosso problema regional.

Eu não quis apresentar proposta neste sentido, para não ferir susceptibilidades, mas lembro a V. Ex.a a necessidade de estabelecer essa colaboração desinteressada do Parlamento com o Governo.

Eu desejaria, voltando ao assunto a que estava a referir-me, preguntar ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros em que

data e em que condições, se há alguma cousa escrita neste sentid.o, foram cedidos os navios à Inglaterra ou à Casa Furness.

Eu desejava saber se esses navios foram cedidos todos na mesma altura, se houve prazos na entrega e se já passaram os prazos em que alguns navios deviam ser entregues a Portugal e não o foram.

Nesta ocasião apenas dois navios, o íigueira e o Patrão Lopes estão já em Portugal. O momento é oportuno para fazer com que os navios voltem o mais depressa possível para cá.

Sr. Presidente:-nem mais uma palavra tenho a dizer sobre o assunto.

O Governo, que tem todas as glórias, que tenha também os máximos proveitos; e se eles são de interesse parado Governo, que o sejam igualmente para o País.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restitiiir, revistas, as notas taquigráficas que lhe f o-ram enviadas.

O Sr. Presidente do Ministério não reviu GS seus apartes.

O Sr. Malheiro Reimão : — Sr. Presidente: vai já bastante adiantnrlo o debate político e vou procurar restringir as minhas considerações para não cansar a atenção, da Câmara.

Não posso deixar de usar da palavra, porque esta crise tem tais aspectos, apresentou tais fases políticas em que deve ser encarada, que me parece que sobre algumas delas devo chamar a atenção da Câmara.

Entendo mesmo que o debate político devia ter tido maior amplidão.

Os factos que se passaram nesta casa foram de tal natureza, que não ficaria mal que uma Câmara republicana chamasse sobre eles a atenção .do País.

Historiando, lembrarei que-o Sr. Sá Cardoso apresentou o seu Governo recomposto e foi recebido pela Câmara com uma certa hostilidade, tendo sido alvo de de ataques bastante violentos. Convêm recordar que foi especialmente objecto do ataque o Sr. Presidente do Ministério, e, se não estou em erro, fizeram-se referências elogiosas a alguns membros desse Gabinete, nomeadamente aos Srs. António Maria da Silva e Álvaro de Castro.