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Diário da Câmara dos Deputados

organizados em harmonia com as indicações parlamentares.

Os Governos deviam formar-so segando as indicações do Poder Legislativo e não apenas por intermédio do Sr. Presidente da Eepública.

O que eu veja, na maneira como se organizaram os Ministérios, é um propósito firme, acentuado, de dissolver as Câmaras. E isto mesmo já dizem os jornais. (Apoiados).

Se estivesse nesta Câmara não teria votado o princípio de dissolução, nem as atribuições dadas ao Sr. Presidente da Eepública. (Apoiados).

A maneira como está redigida a Constituição presta-se a casos de aspecto Emito estranho, como a nomeação dos Ministros sem ser necessário senão a sua assinatura. Isto só teve precedentes neste País, quando o Sr. Sidónio Pais nomeava os Secretários de Estado. E o que actualmente se está passando vai parecendo bastante uma tentativa de poder pessoal. Adiante!

Disse qne havia necessidade de escolher para chefe do Governo nacional uma p

Tenho muita consideração pessoal pelo Sr. Presidente do Ministério,' mas não posso doixar de frisar que não 4 o homem mais próprio para o momento actual, e que o Governo tem um aspecto curioso.

Pelo Partido Democrático foi o Governo recebido. Recebido pnra e simplesmente.

Pelo Partido Liberal, apesar d© ter dado Ministros, individuais é claro, só tem espectativa benévola.

Esperei que o Governo tivesse o apoio franco e aberto do Partido Liberal. Mas não tem. .

Do Grupo Parlamentar Popular tem uma oposição sistemática. E é isto nm GoA-ôrno nacional?

O Sr. Domingos Pereira, que preside ao actual Governo, foi o Presidente do Ministério a que sucedera o Sr. Sá Cardoso.

Todos nós sabemos o que foi a obra daquele sen Governo. Aumentou o déficit em 150:000 contos, anuais, fez 30 suplementos e deixou descontentes todas as classes. Agora, havendo a dissolução em

que se fala, talvez os suplementos fossem ao dobro e o déficit se eleve a... sabemos lá a quanto!

Devo declarar que, em minha cons-' ciência, entendo que a gravidade actual da nossa situação financeira, económica e até social, só deve absolutamente àquele Governo presidido pelo Sr. Domingos Pereira.

S. Ex.a, ao entrar no Governo, não encontrou a situação terrível em que nos debatemos. Quando eu saí do GovGrno deixei o câmbio a 38 '%. E devo também fazer justiça ao Sr. Paiva Gomos, que foi cuidadoso na administração. Houve cousas que lhe pediram e que recusou fazer, quando afinal foram feitas pelo Governo que lhe sucedeu. Sei de muitos casos que provam isto.

Definida assim a minha situação, que é-a de oposição vigilante, vou referir-me a outro assunto, qual é o daquela parte do discurso do Sr. Sá Caçdoso, em que S. Ex.a se referiu ao general Sr. Mendonça e Matos.

O Sr. Sá Cardoso disse que o Sr. general Mendonça e Matos tinha, quando foi do 5 de Dozembro. recusado obediência às ordons da junta revolucionária.

Eefiro-me a este pequeno detalhe para restabeler a verdade dos factos.

Vou citar como as cousas se passaram.

A certa altura, depois de estar vencedora a revolução de 5 de Dezembro, a junta revolucionária mandou uma ordem ao Sr. general Mendonça e Matos e este *senhor respondeu, pouco mais ou menos,, o seguinte:

Que era verdade que Sidónio Pais comandava as tropas revolucionárias, mas que ele comandava as forcas fiéis ao Governo e que estas duas forças podiam auxiliar-se mutuamente.

Ê curioso e tem certo espírito.

Depois mandaram ,do Parquo um delegado avistar-se com aquele Sr. general para saber a sua atitude. Esse delegado expôs a situação ao general. \T. Ex.a obedece ou não? A junta já está formada © quere saber isto.

S. Ex.a pediu a esse delegado que passasse a outra sala por que desejava pensar.