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Setsâo de 27 de Janeiro de 1920

Porem, Sr. Presidente, o militarismo sendo, como é, a organização de um povo no sentido de adquirir a sua máxima potência ofensiva; sendo, como é, uma escola, que tem os seus doutrinários eminentes, no sentido de impor uma civilização quo atinja um elevado grau de cultura e de prosperidade, é uma escola bem mais nobre do que a do intervencionismo da torça armada na ordem política.

No primeiro caso, haverá um exército, instrumento da expansão da raça, que pode conduzir à, vitoria; no segundo caso, haverá apenas unia guarda pretoriana, exaurindo em seu exclusivo proveito os recursos do Tesouro, e só temos diante de nós um destes dois caminhos — ou a anarquia ou a escravidão. (Apoiados). A anarquia, se no povo se acende o espírito de revolta; a escravidão, se o povo se submete ao domínio do sabre. (Apoiados). ' Creio que estes princípios estão no espírito da Câmara, e creio que eles são verdadeiros, tanto em relação a uma monarquia representativa, como a uma república aristocrática, como a uma república democrática.

E, Sr. Presidente, este postulado político, um dos mais elementares conhecimentos que deve ter um homem público; e não merece êste"nome, não merece mesmo o nome de cidadão, todo aquele que o desconheça ou finja desconhecer.

As minhas primeiras palavras, ao entrar na questão, são, por isso, de protesto contra o facto de o Sr. Sá Cardoso, com as suas responsabilidades de antigo Presidente do'Ministério, apoiado por uma parte da Câmara, pretender justificar a intervençao da força armada na governação pública.

Quer seja a favor dum partido, quer seja a íavor duma pessoa, mais ou menos representativa, a intervenção da força armada na solução duma crise é um crime inqualificável contra a República. (Apoiados}.

Sr. Presidente, quando tive de me ocupar, no meu discurso, anterior, dos últimos acontecimentos políticos, fi-lo com uma cautela e uma prudência que não passariam despercebidas a V. Ex.a

Em relação à conferôncia havida entre o general comandante da Guarda Republicana e o Sr. Barros Queiroz, eu reproduzi a parte da moção votada ' pelo meu

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partido e da qual resultava que o Sr. Barros Queiroz havia adquirido o convencimento de quo uma parto desse corpo condicionava o seu dever de obediência.

Mas o Sr. Sá Cardoso entendeu que não eram-admissíveis cautelas, e parece--me que procedeu bem, porque', em assunto de tanta monta, é preciso dizer toda a verdade.

O Sr. Sá Cardoso revelou à Câmara, revelou ao País, os termos da conferôncia celebrada entre o general comandante da Guarda Republicana e o Sr. Barros Queiroz. Para a apreciação do caso, Arou valer-me do discurso de S. Ex.a, publicado na íntegra no jornal A Manhã, com a declaração prévia de que esse discurso é redigido sobre as próprias notas taquigrá-ficas; saliento que, na reprodução do discurso de S. Ex.a, a parte que se refere a essa conferência vem em tipo menor, para fazer ver que foram esses exactamente os termos da falada conferência.

Disse o Sr. Sá Cardoso:

«O Sr. general Mendonça e Matos respondeu ao Sr. Barros Queiroz que era, em princípio, contrário à entrada dos militares em política, e que todas as vezes que podia pregava esta doutrina^ a todos os oficiais sob o seu comando. Que não estava, porém, certo se tal doutrina tinha sido já assimilada por todos os oficiais. O que, todavia podia garantir ao Sr. Barros Queiroz, era o apoio incondicional da guarda nacional republicana, e a sua obediência a qualquer governo que se formasse, fosse qual fosse a sua feição partidária, bastando quo dele fizessem parte bons e autênticos republicanos. Mas se no Governo entrasse alguém que pelo povo fosse tomado como afecto ao movimento sidonista, então já não podia garantir a fidelidade da guarda republicana, porque dentro desta havia muitos oficiais e sargentos que tinham sofrido cruelmente os martírios infligidos pelos sidonistas (Muitos apoiados}. E embora isto fosse contra os princípios militares, era humano que soltasse para fora da farda essa explosão de raiva, se vissem voltar ao poder homens que os tinham feito sofrer e a suas famílias (Novos e quentes apoiados}.

Então o Sr. Barros Queiroz teria respondido naturalmente o seguinte: