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Sessão de 27 dt Janeiro de 1920

político dos homens que acompanhavam esse Governo.

Chamo a atenção da Câmara para este facto e daqui a pouco explicarei o motivo porquê.

Acusou-se aqui o Sr. Sá Cardoso de ter feito um Governo mais ou menos de esbanjamento e de vir à última hora pedir que se comprimissem as despesas, reduzindo-as ao indispensável.

O Sr. Sá Cardoso, vendo que não podia governar com os ata,ques de que era alvo, pediu a demissão.

S acederam-se depois as démarches que são conhecidas de todos.

Foi encarregado o Sr. Brito Camacho de formar Governo, mas S. Ex.a decli-' nou e, no fim, apareceu uma nota oficiosa dizendo que, tendo-se esgotado todas •as soluções para formar um Ministério nacional, se entregava o Governo aos liberais. Se estavam esgotadas as soluções para formar um Governo nacional, como nenhuma corrente de opinião havia formada contra a maioria, nem mesmo tinha sido alvo de ataques aqui no Parlamento, era a esta que se devia ir buscar o Governo. Se os seus le.aders indicaram a formação dum Govôrno nacional era pelo facto de reconhecerem a necessidade de encontrar homens que. sem responsabilidade» no passado, mais facilmente pudessem conseguir o apoio da Câmara.

^O Sr. António Maria da Silva (interrompendo) : — Eu aconselhei que, sendo de capital importância resolver a questão económica e financeira, essa missão de-e via caber a um Govôrno nacional, e não porque julgasse que o meu partido, isto é, a maioria, não podia governar.

O Orador: — O Sr. António Maria da Silva, com a sua autoridade especial de leader da maioria, confirma a justeza e verdade do que afirmo quando dizia que nada indicou que o Governo devesso ser constituído sem ser de acordo com a maioria, e de que o seu Presidente não tivesse rosponsábilidades no passado.

Não foi assim, porém, e formou-se um Govôrno liberal.

Folgo muito com que as manifestações da Junta do Crédito Público não tivessem a virtude de fazer cair o Governo do Sr. Fernandes Costa, conforme aqui declarou o Sr. António Gr anjo.

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Mas tiveram outra virtude maior. Fizeram aparecer novas soluções para a constituição dum Governo nacional, que, segundo a nota oficiosa, estavam esgotadas. Tiveram a virtude do dar um terminante desmentido a essa afirmaçãe, fazendo aparecer logo novas e variadas soluções. (Apoiados).

l Parece impossível que esta nota ainda não fosse ferida aqui na Câmara!

E a primeira das sojuções que logo apareceu foi a do Sr. Barros Queiroz.

Faço justiça às suas qualidades de inteligência, competência e ponderação.

Mas há uma cousa que não admito: é que o Governo .tivesse caído em virtude de conversas com o Sr. general Mendonça e Matos.

Não 'acredito que o Sr. Barros Queiroz seja tam ingénuo quo fosse preguntar ao comandante da guarda republicana se Iqe obedecia, ou não, no caso dele formar Ministério.

Já antes disso se dizia em determinados centros políticos que o Govôrno se não chegaria a formar. Indicavam-so até as razões por que não vinha, dizendo-se que era devido ao preenchimento duma determinada pasta.

Depois de se considerar fracassado esse Governo é que se falou com o Sr. general Mendonça e Matos, arranjando-se assim um pretexto para o Governo ter caído.

A propósito de falar no Sr. general Mendonça e Matos, lamento que o Sr. Sá, Cardoso não esteja presente, porquanto desejo aludir ao que S. Ex.a disse no seu discurso.

Depois do Sr. Barros Queiroz declinar o encargo de formar gabinete, é que foram chamados os Presidentes das Câmaras.

Compreendo que os Presidentes das Câmaras sejam chamados pelo Sr. Presidente da República para serem ouvidos sobre a solução da crise, mas não para serem encarregados de formar Governo, os quais devem ser constituídos segundo as indicações parlamentares.

Se os Presidentes das Câmaras representam indicações constitucionais para ser encarregados de formar Governo, estas já existiam antes de ser encarregado do formar Govôrno o Sr. Fernandes Costa.