O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sctêào de 30 de Janeiro de 1020

13

de prosperidade. Todo esse esforço, porém, terá que ser efectivado na prática de virtudes cívicas, por um alto espírito de sacrifício e por uma benéfica paz interna. Clemenceau, o velho sublime, aureolado de uma imperecível glória, exortava, há pouco, a França, dizendo-lhe, com a autoridade única de quem viveu o calvário doloroso que vai de Versailles de 1871 a Versailles de 1919, para realizar a obra da révanche.

«A paz geral será apenas a miragem enganadora dum dia, se não formos capazes de viver, nós próprios, em paz, isto é, de dar ao nosso próprio país, como fundamento da paz exterior, a paz interna. Para isto ó necessário o apazigua-mento de antigos cçnflitos, porque se o espírito de guerra, dalgum modo, persistisse, a paz civil seria traída no próprio momento em que desejamos assegurá-la. À paz exterior pode conquistar-se, num momento sublime, pelo sacrifício de tudo o que representa o preço e a beleza da vida. A paz interna só se obtém pelo esforço contínuo, num espírito, de equidade superior, de justas composições sucessivas de vontades, de crenças, de ideaes e de interesses tradicionalmente opostos, por vezes, mesmo, contraditórios».

Quási ao mesmo tempo, Loyd George, a mais .alta expressão de organizador que, por certo, a História tem conhecido, exclamava:

«O problema da organização-do mando sobre uma base de paz nunca, até agora, tinha sido p'ôsto^ O dever supremo dos homens de Esta°do e dos povos ó não desonrarem a vitória do direito, deixando-se dominar'pelas suas paixões».

Nesta hora de rara solenidade, em que um mundo novo surge, amassado no sangue dos heróis que a Alemanha sacrificou e nas lágrimas que o sou crime fez correr, consideremo-nos atingidos pelo apelo destes homens que foram os obreiros supremos ,da Vitória. Sacrifícios e paz interna. E entre estes dois poios de acção que devemos preparar o Portugal maior dos nossos sonhos, sob o patrocínio das ideas generosas consagradas pelos portugueses no seu subsídio heróico da epopeia de Laventie, de Neuve-Chapelle o de La Couture — ideas que este tratado procura honrar, na limpidez da sua doutrina, quo não é de esquecimento, porque es-

quecer seria uma traição e um perigo, mas que, sendo inspirado na Justiça não é, também, uma obra de ódio ou de vingança.

Ao Parlamento entrega o Governo da República, com estes votos, o texto oficial, devidamente autenticado, do Tratado de Paz de Versailles, de 28 de Junho de 1919.

PKOJKCTO DE T,EI

Artigo 1.° São aprovados, para ratificação, o Tratado de Paz e o Protocolo anexo celebrados entre Portugal, os Es-tados-Unidos da América, o_ Império Britânico, a França, a Itália, o Japão, a Bélgica, a Bolívia, o Brasil, a China, Cuba, o Equador, a Grécia, Guatemala, Haiti, o Hedjaz, Honduras, Libéria, Nicarágua, Panamá, Peru, a Polónia, -a Eoménia, o Estado Servo-Croata-Slovénio, o Sião, a Tcheco-Slovaquia e o Uruguay, duma parte, e a Alemanha da outra, assinados em Versailles em 28 de Junho de 1919.

' Ar t. 2.° Fica revogada a legislação em contrário.

Sala das Sessões da Câmara dos Deputados em 30 de Janeiro de 1920.—O Ministro dos Negócios Estrangeiros, João Carlos de Melo Barreto.

O Sr. Vasco de Vasconcelos:—Sr. Presidente : antes de mais nada, quero apresentar ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros os meus respeitosos cumpri-mentos e aplausos, pelo- trabalho que acaba de expor ao conhecimento desta Câmara.

Agora vou ao assunto que desejo tratar.