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Diário da Câmara dos

portador colonial tom de pagar, pois que digo-o bem alto o prová-lo ei quando porventura só fizer uni inquérito rigoroso e honesto— poucos comandantes de barcos há, tnnto da Companhia Nacional de Navegação como dos Transportes Marítimos que dom a qualquer comerciante o direiío do embarcar carga uma vez que se lhes não dó qualquer cousa, o que ainda vem acrescer mais o frete, já elevadíssimo» Isto não pode de modo algum continuar! Q Governo têm do intervir, para que a junta consultiva dos Transportes Marítimos dó o dito por nílo dito, evitando quo haja aumento do fretes.

Bem soí quo a Companhia Nacional de Navegação ha de ter argumentos que talvez calem no ânimo de alguôm. Dirá ela, por exemplo, que há carreiras cujos fretes são mais caros e que nelas o exportador ó muito menos privelegiado do que nas suas; alegará talvez quo há passagens mais caras noutras carreiras. E preciso, todavia, que o País saiba que os navios da Companhia são uma verdadeira sucata, t.íun ordinária que. por exemplo, oLoanda, porque apanhou um pequeno temporal à saída da barra, chegou à Madeira quási inutilizado, e de tal modo que os agentes do Loyd declararam que não só não devia sair da Madeira, .como nein sequer devia ter saído de Portugal!

Não se pode continuar permitindo de maneira alguma que esses navios, quo nenhumas condições de segurança oferecem aos passageiros, incluindo ato os de l.a classe, continuem a navegar.

Para V. Ex.as terem ensejo de fazer uma apreciação justa sobre as condições em que se faz o tráfego de passageiros e mercadorias por intermédio da Companhia Nacional de Navegação, vou citar alguns casos, que são por assim dizer clássicos,

No vapor Portugal, na viagem de Outubro de 1918, foram metidos a mais da lotação oitenta e tantos passageiros de primeira classe.

Não havendo camarotes suficientes, sujeitaram-se esses passageiros a dormir no tombadilho, onde calhasse. E corno grassava nessa ocasião a pneumónica, alugaram-lhes as camas do hospital de bor do, fazendo-as pagar por mais de 60$, Isto em vapores condenados, em que o passageiro nenhumas comodidades encontra!

Mesmo quo a Companhia prentenda estabelecer confrontos entre o seu serviço e o de qualquer carreira do Brasil ou da América do Norte, ó necessário que o Governo tomo providências para não ser consentido Gste novo aumento de 100 por cento, para que o país não fique sujeito a •uma nova extorsão, tanto mais que —O bom quo se saiba! — se trata do uma das Companhias quo maior dividendo distribui aos seus acionistas.

Esta Companhia, em vez de molho raios seus serviços a pouco e pouco, vai-os deixando chegar à última miséria, o a mim não me admira que, sejido a Vida normal dum navio de cOrca de vinte e cinco anos, e tendo os seus mais de vinte de existôiicia, andem já em redor do GovOrno agentes, interessados, medianeiros, para que ele alugue, já que não lhos vende, alguns dos navios do Estado, para assim poder continuar as suas carreiras.

E, pois, a uma Companhia desta natureza quo a Junta Consultiva dos Transportes Mnrítimos vai conceder uni aumento do 100 por cento nas tarifas, e os Transportes jM.ar'tinios, em lugar de baixarem os seus fretes, porque os-navios não são só para dar lucros, mas também, e principalmente, para concorrer para o fomento das nossas colónias, pretendem acompanhar esse aumento.

Espero que o Sr. Ministro da Marinha, se sobre as intenções do Governo acerca do assunto não estiver completaínente elucidado, e porventura ouviu as minhas considerações e lhes prestou a atenção que lhe deviam ter merecido, as transmita ao Sr. Ministro do Comércio, para qve amanhã a Câmara possa ter o prazer de ouvir de S. Ex.a esclarecimentos acerca dos seus intuitos e a afirmação de que, estando convencido de quo se trata dum erro, intervirá no sentido de evitar a sua efectivação.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem,