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Setsâo de 3 de Fevereiro de 1920

por isso reservo as minhas considerações para ocasião mais oportuna.

Por agora limito-me a dar gostosamente o meu voto à proposta do Sr. Ministro das finanças, porquanto ela tende a promover o nosso equilíbrio orçamental.

O Sr. Cunha Liai: — Sr. Presidente; fizeram-se aqui na Câmara afirmações muito graves, a propósito das quais eu tenho do fazer algumas considerações.

Antes, porém, do me referir a essas afirmações quero dizor a' V. Ex.a que a importância que se está ligando à proposta do Sr. Ministro das Finanças, importância tão grande que estamos prolongando indefinidamente esta discussão, não está de harmonia com os resultados que dela nos podom advir. Não esperem maravilhas duma simples medida de carácter administrativo.

Com uma simples penada, ministerial, muito maior alcance económico só poderia ter atingido do que o equilíbrio orçamental.

Eu cito um caso muito simples,

Todos sabem q n o nos estão adjudicadas milhares de toneladas de trigo na Argentina. Se o estado pusesse os seus barcos ao serviço do transporte dOste cereal para cá teria' arranjado uma economia de 10 milhões de posetas.

Eu peço, portanto, ao Governo que, reflectindo nestas coisas, adquira a certeza de que a chave do problema não está nas leis, com travão ou som ele, que não se cumprem dada a moleza dos nossos costumes, mas numa boa e sã administração.

Eu não concebo que ainda hoje existam dois tipos de pão, e que não se vá arrebanhar as colónias tpdo o milho que lá está a mais, o até a apodrecer.

Não nos fiemos, por consequência, em que as medidas do Sr. Ministro das Finanças hão-do trazer resultados maravilhosos para Portugal, porque o que há de dar ossos resultados será o tacto político e uma boa administração dos nossos Governos.

Acentuemos que Jui imensas portas falsas, e nós temos afcerteza de que, aprovada esta lui, elas se abrirão imediatamente, ou para servir amigos ou para despesas que realmente haja necessidade de lazer. Cito o caso da escandalosa De-

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legação à Conferencia da Paz, que me parece que, de todos os países, ó a única que ainda existe.

.Votou-se tambOm aqui uma lei em que se marcava o limite dos vencimentos do funcionalismo público; pois "eu ainda outro dia vi na mão dum Deputado liberal uma nota enviada dum Ministério, em quê havia funcionários cujos vencimentos excediam em muito Csse limite.

Sr. Presidente: não pedi a palavra, todavia, por causa desses factos; pedi-a porque se levantou um incidente que reputo de muita importância para nós. Refiro-me à idea de se fazer um empréstimo interno e externo. Fizeram-se nesta Câmara afirmações que tom extrema importância, porque saíram da boca de homens públicos que podem amanhã ser chamados a governar.

Por exemplo, o Sr. António Granjo advogou a ideia...

O Sr. António (franjo: —Y. Ex.a dá-me licença ?

Eu entendo que se devo fazer um empréstimo, mas não para tapar o déficit, que ou sei que existe, mas que não sei a quanto monta. E deve fazer-se um empréstimo interno, mas conjugando-o com o empréstimo externo, a fmi de se conseguir ò saneamento da moeda, porque não entendo que se faça agora um grande empréstimo para tapar o déficit e executar obras do fomento, quando isso pode ser um grande negócio para os capitalistas.

O Orador; — Continuando nas minhas considerações, disse eu que qualquer aumento de imposto não produz imediatamente QS seus efeitos, e como em Março se acaba provavelmente esse recurso ilimitado do recorrer ao aumento da circulação fiduciária, e como o Governo não pode continuamente estar a omitir bilhetes do Tesouro, o resultado ó que, quer as Câmaras queiram, quer não queiram, seremos levados a contrair urn empréstimo interno para tapar os buracos do déficit.