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Diário da Câmara do» Deputado»

A revolução, porém, triunfou, e os que riram choram agora, e alguns desses morreram, vítimas das suas próprias gargalhadas.

Ria-se a Inglaterra também das exigências do povo, mas já não ri neste momento, em que ali só se produz o carvão que os operários querem, j O Governo Inglês já Mo manda nas suas minas de carvão!

E, imposta a socialização, daqui a um ano ou ano e meio já realmente os trabalhistas estarão senhores do país e a Irlanda já terá a sua independência, o que ó justo -dar-lhe, pois há já bons oito séculos que vem a lutar por ela. A situação é mais grave do que se entulha e demanda remédio mais eficaz do que o que se pretende por esta proposta em discussão.

Não é que eu não confie muito na ca--pacidade do Sr. Ministro das Finanças. S. Ex.a ó um novo e homem de valor. Simplesmente me parece que não está compenetrado da gravidade da situação que atravessamos. Encontra-se naturalmente agarrado às leis, às Estravagantes, às Afonsinas e às Momi ébrias, n. nela

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proposta de lei que apresentou, mostra não ser capaz do só integrar no espírito e orientação modernos.

A avaliar no conjunto das propostas apresentadas, vu-se não ser capaz de reparar bem que o que se passa em Portugal não ó mais do que o paralelo do que se passa na restante Europa. A Inglaterra compreendeu-o, porque'a sua buj-guesia possui uni homem de alto valor: Lloyd George. E ele que nos vem dizer, através dos seus discursos, que é noces* sário reconhecer a República dos ftoviets. Os sovietS) com todos os defeitos que lhe apontam, apesar da Rússia ter sofrido a maior revolução de que há memória através do passado, nesta hora são indispensáveis à Jiairopa, que só debate na escassos de alimentação c asfixia. E a Rússia diz-lhe: «Daremos o que é preciso para equilibrar o orçamento alimentar da Europa, porque, apesar das vicissitudes, por que tomos passado, ainda podemos trabalhar e ainda existe uas vastíssimas campinas da já livre Sibéria e da Uerânia o suficiente trigo para nós e para a esfomeada Europa, Q em troca queremos apc-TÍOS isto: mandoTii-nos engenheiros, com

os sens processos novos de trabalho; mandem-nos máquinas e material, para nós podermos viver em paz; acabar com o exército vermelho, e enviar os soldados e trabalhadores para os seus lares, para com o esforço do seu braço enriquecerem a humanidade».

Sr. Presidente: pelas circunstâncias apresentadas verifica-se, a meu ver e ao ver de pensadores importantíssimos que leio, que em Portugal não é propriamente o povo, o grosso da população, quem está arruinado, como em França, em Inglaterra e em toda a parte, não é o povo o arruinado. Quem estão arruinados são os Estados, porque hipotecaram todos os seus recursos cm pólvora e munições, para fazerem a grande carnificina da guerra, mal pensando que dôsse horror devia sair a sua própria condenação.

Ainda há pouco o Sr. Cunha Liai disse que nós estamos desgraçados, que nós temos uma bancarrota inevitável. Quem está desgraçado, quem tem a bancarrota, não ó prúpriíimentõ o povo, nias o Es tado, que tem esbanjado tudo l O povo sabe .onde está a riqueza e tem ainda braços para trabalhar. Não poderá, portanto, acompanhar no infortúnio os Governos que nada fizeram, que criaram a situação actual, passando a vida no esbanjamento e até na crápula, pode dizer-se.

Sr. Presidente: o .agravamento do câmbio é outra situação pavorosa, que. diga--se a verdade, não se pode remediar a toque de decretos. Podem, realmente, os estadistas, aqui e em todo o mundo, produzir quantos decretos quiserem, conseguirão artificialmente determinai' baixas ou altas, mas logo que se entro na normalidade o agravamento torna a aparecer.

Esto argumento é irredutível. E neces- • sário produzir mais, intensificar a produção. Diz-se isto por toda a parte e até m esmo aqui. Mas necessário será fazó-lo. O elixir ainda não apareceu. O que é que se tem feito? .Pequenas medidas que de nada valem. As medidas propostas até hoje são daquelas quo qualquer merceeiro adopta, gastando menos potróleo e despedindo os creados.

j Ai do merceeiro qut1 não tenha outras medidas!