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Sctt&o de 10 de Fevereiro de 1920

crescente de dedução do nosso dinheiro junto da nossa aliada.

Em França não foi a diferença tam grande, tendo-se mantido do seguinte modo:

Em 22 de Julho de 1914 . . . $87(3)

Na declaração da guerra. . . . $71(7)

Na data do armistício...... «562

Na assinatura da paz . . . . . $66(4)

Em 24 de Dezembro de 1919. . $56(8)

Nas respectivas datas o valor do escudo fora de Portugal foi o seguinte:

Nos Estados Unidos $88(4), $63(9), $60(5), $54(3) e $28(8).

i Em Espanha $83(3), $54(4), $52(4), $47(1) e $27(5) l

i Em Espanha então ó assombrosa a depreciação do nosso escudo, que chegou a valer menos de catorze vinténs!

Compreende-se agora que o agravamento da carestia, que para nós é um verdadeiro gravame, lá fora não se considere assim. De forma que, quando se diz que o açúcar se vende a $60, para Inglaterra é como se estivesse a 223 róis, e assim nas outras nações.

A manteiga, por exemplo, vendida em Portugal por 2$40 cada quilograma, no entender dos ingleses custa-nos apenas $89(5).' Para os franceses é como se déssemos por ela apenas $81(6). No entender dos americanos do norte nós pagamo-la por $69(1) e para os espanhóis cada quilograma paga-se pela bagatela de

\ A própria libra, que para nós estava a 15$000 réis, era em 24 de Dezembro do ano passado como se nos Estados Unidos valesse 4$320 e em Espanha apenas réis 4$112!

Este sussurro faz-me lembrar aquela0 anecdota histórica atribuída a Demóste-nes ao falar no Senado de Atenas.

Como ninguém lhe desse atenção, o grande orador começou a contar a história dum rapaz que alugara um burro. Logo toda a gente entrou a prestar atenção. E no caminho, continuou o orador grego, como o calor fosse asfixiante, meteu-se o froguez debaixo do burro a aproveitar-lhe a sombra que 6le projectava. O alquilador contestou-lhe que tal não podia fazer, porque tinha alugado o burro para transporte e não para sombra.

Nesta altura pregunta-lho todo o Senado com muito interesse:

— (jEntão quem venceu o pleito?

O grande orador, neste momento, exclamou irado:

— i Quando se trata das questões vitais para a Eepública ninguém presta ouvi-

.dos, mas todos querem saber da sorte dum burro!

Pois, motis senhores, o caso aqui repete-se.

Quando se trata de assuntos que não interessam o País, toda a gente qaere ouvir, mas quando há cousas que mais interessam à República e ao País, ninguém quere escutar.

Portugal—como estava dizendo — vai também perdendo toda a sua riqueza pecuária por motivo de 'dúvidas e hesitação nas resoluções a tomar.

Em 1870 o recenseamento pecuário acusava a existência de 3.914:323 cabeças de gado ovino e caprino, 36 anos depois, por 1906, segundo informes do Sr. D. Luís de Castro, o número de cabeças ainda não passara de 4.107:206.

jPortanto, em 36 anos,vo acréscimo da riqueza pecuária não passou de 6,75 por cento!

Embora se gastem montanhas de dinheiro com as estatísticas, em Portugal não há estatísticas, e os elementos que eu vou fornecer à Câmara são o resultado dos meus cálculos, sujeitos á grande correcção.

Eu fiz deduções e conclusões, recorrendo à minha pobre álgebra. Em 1919 é provável que a população pecuária não exceda 3.171:323 cabeças de gado ovino e 1.140:742 de gado caprino.

Quere dizer, em relação a 1906 havia por cada 100 habitantes 89 cabeças de gado miúdo, j Chegamos a 1919 e vemos que a média por quilómetro quadrado absoluto 6 apenas de l!

Tendo em atenção a multiplicação habitual do gado desta natureza, não se compreende quo ela fosse apenas isso. E porque o é? Cousa fácil de verificar, j É porque existe um verdadeiro êxodo da nossa riqueza pecuária para Espanha!