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Se eu não puder lá realizar a minha obra, cairei e direi ao meu país as razões por que a não pude efectivar. (Apoiados). E absolutamente impossível que-vivamos nesta situação, perante a qual os ministros se vêem forçados a interrogarem-se mutuamente nos conselhos de Ministros, como já tem sucedido, sobre se o comandante dôste ou daquele regimento, sobre se os oficiais desta ou daquela unidade, defendem ou não a Kepúbíica, se verdadeiramente a sentem no coração e estão dispostos a sacrificar-se pela defesa dela.

Hoje, mais do que nunca, impõe-se o saneamento do exército. (Apoiados),

Ou esse saneamento se faz, ou-a República cairá, Sr. Presidente, e cairá duma maneira desgraçada, vindo, talvez, a reconhecer na hora da sua queda, que não soube defender-se pelo prestígio duma instituição forte, que é necessário congregar destro do exército. (Apoiados).

Sr. Presidente: eu sou daqueles que respeitam as ideas políticas de toda a gente; ou sou daqueles que desejam que os ideais políticos se discutam ampla e livremente, mas não comprendo que quem nesta terra portuguesa acarinhe no seu seio.a idea monárquica vista uma.farda que só pertence a quem queira defender a República. (Apoiados).

Eu faço daqui um apelo aos oficiais monárquicos do meu pais, se existem que se demitam eles próprios do exército, e não nos obriguem a nós a fazer essa obra de saneamento que, para honra de todos, é indispensável que se faça.

Sr. Presidente: razão tem a consciência republicana para se revoltar contra os espectáculos desastrosos que após Monsanto se têm dado dentro da Eepública.

Veja-se se poderá viver uma República que conserva nas fileiras do seu exército oficiais que estiveram em Monsanto a atacar a República!

Todos esses oficiais, como ainda os que anelaram pelo norte, defendendo a causa monárquica, não podem estar, não devem estar no exército ! (Apoiados).

O Sr. Carlos Olavo:—Mas V. Ex.a pertenceu a um Governo constituído f^pós o movimento de Monsanto, e que tinha plenos poderes para pôr fora do exército esses oficiais e eu não vi que V. Ex.a interviesse nesse sentido.

ÍJiàrio da Camará dos Deputado*

O Orador: — Proclamei, em dois conselhos de Ministros a necessidade de dissolução do exército. Não o quiseram lazer; a culpa, pois, não ó minha.

Eu- nunca poderia julgar que na justiça militar do meu país se pudessem proferir sentenças que não estivessem em harmonia com a defesa da República.

Sr. Presidente: esses oficiais que em Monsanto batalharam contra a República em defesa da monarquia, à luz do sol que lhes mostrava nitidamente-as cores da bandeira por que combatiam, esses oficiais, não podem por fornia alguma ficar no ;• exército. (Apoiados).

V. Ex.a que defendeu o país tam galhardamente (Apoiados), V. Ex.a que eu conheço desde novo, V. Ex.a com o seu alto espírito, a que eu dedico muito respeito e admiração, ajude-me a conseguir que se corrija este erro.

Não se pode admitir que oficiais, que estiveram combatendo contra a República continuem no Exército: (Muitos apoiados) não se pode admitir que se apresente ao Parlamento, à sua consideração, medidas desta natureza. (Muitos apoiados).

O Sr. Minis Iro ua Guerra, que é um velho republicano que se bateu galhardamente em Franga e tem prestado os inais altos serviços ao País e à República, S. Ex." certamente sabe como no dia 31 de Janeiro se ouviam os gritos de abaixo os tribunais militares.

Eu não quero levantar suspeitas contra ninguém, sei que os tribunais têm os. seus princípios e os seus códigos, mas sei tambôm que eles não defendem suficientemente a República.

Os que desertaram—como os lábios republicanos se sentem escaldados ao pronunciarem estas palavras, sinónimas de cobardia! — num periodo em que os cidadãos desta Pátria se batiam cheios de coragem, abenegação e patriotismo, dando o exemplo do sacrifício a osta sociedade, num tempo de ditadura perseguidora, para não acompanhar os camaradas no sacrifício em prol da sua Pátria, por que não sentiam no coração o amor da Pátria e o amor da República, eram criaturas que só podiam prejudicar o Exército e que se tornavam elementos perigosos é sociedade. (Muitos apoiados).