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Seesão de 3 de Março de 1920

tercalamento dos oficiais milicianos nesse mesmo quadro; de certo modo todos têm o direito de se defender e eu reconheço ôsse direito mesmo àqueles que ficaram eni Portugal e por qualquer motivo não foram à guerra, contra aqueles que foram à guerra e lá cumpriram o seu dever. Vai ato aí a minha condescendência; mas eu escuso de invocar a circunstância de ter ido à guerra e verificar de visu a forma por que os oficiais milicianos se portaram em França e dos actos de heroísmo que dia-a dia eu vi praticar por esses oficiais na frente, na linha de fogo, para afirmar a V. Ex.a e à Câmara que os oficiais do quadro permanente não têrn o direito de regatear aos oficiais milicianos a sua entrada no quadro permanente.

Ou a Câmara faz uma obra rasgada e sincera, querendo aproveitar aqueles oficiais milicianos que em França deram provas de verdadeira aptidão militar, e então não tem a Câmara mais que fazer do que aprovar a proposta do Sr. Ministro da Guerra, integrando esses oficiais nos do quadro permanente, ou então deverá ter a coragem de dizer que a Pátria nada deve a esses homens que por ela se bateram na França, visto que a Pátria nada deve a ninguém e nós tudo a ela devemos.

Tenha-se então essa coragem, e licen-ceiem-se, como é da lei, imediatamente, todos os milicianos.

Estabelecer castas, Sr. Presidente, dentro do exército, onde eu já conheço castas políticas, é inadmisível.

Sim, Sr. Presidente, há já castas políticas, e tanto assim que aos oficiais milicianos que se bateram em França se exige utn atestado do seu republicanismo, passado pela autoridade admistrativa.

O Sr. Pacheco de Amorim: — Chegue-lhe.

O Orador: — Não chego. E que isto revolta um pouco, e estou convencido de que o primeiro a indignar-se contra isto é o próprio Sr. Ministro da Gruerra, porque S. Ex.a sabe tam bein como eu que houve oficiais monárquicos que em França se bateram com uma valentia e com heroicidade que muitos oficiais republicanos não tiveram, porque foram para lá c ficaram permanentemente ria retaguarda.

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«;Pode admitir-se, sem indignação, que esses oficiais, que têm a cruz de guerra ao peito, se vejam forçados a pedir a um regedor que lhes passe um atestado do seu republicanismo para entrar no exército?

O Sr. Plínio Silva: —V. Ex.a está a encravar o saneamento.

O Orador: — £ Então esses oficiais não têm pelo seu heroísmo direito a entrar no exército?

Estamos a fazer uma obra mesquinha. Com intuitos de defesa republicana estamos a amesquinhar todos as instituições, cedendo perante um espírito de pretensa defesa republicana, que não é mais do que um espírito de intolerância de que não nos sabemos libertar.

Não, Sr. Presidente! O exército está muito dividido já, para que essas divisões não devam preocupar-nos seriamente. Elas devem preocupar não só os que estão à frente desse exército, como também o Parlamento.

A idea do saneamento do exército, quo apareceu nos .meses que se seguiram à traulitânia, está ainda dentro de muitas cabeças, está ainda nu mente de muitos políticos porque julgam que é essa a forma melhor de se fazer a defesa da República. Sim, Sr. Presidente, julgam esses que a defesa das instituições está no facto de se eliminar dos quadros do exército e dos quadros do funcionalismo civil todos aqueles indivíduos que a eles ou aos seus apaniguados não ofereçam o que chamam a devida confiança.

Sr. Presidente: temos num futuro próximo uma inevitável reorganização militar. Nós temos como problema diante do nós: fazer do exército um instrumento de defesa nacional.

£ Então é agora que nós, dentro do exército, vamos criar duas castas, dois exércitos, dois quadros?

Daí vern necessariamente uma rivalidade permanente (Apoiados) a juntar a tantas causas de perturbações que já existem.