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Diário da Câmara dos Deputados

porto de Lisboa, há alguns anos não passando duma. criação abstracta, e a resolução do problema das nossas relações comerciais com o Brasil.

.Não ó agora ocasião de esboçar o plano detalhado do tratado de comércio a negociar e cujas linhas gerais foram traçadas ainda há pouco, em um estudo notá-. vel, merecedor de ser bem 'ponderado pelos dirigentes da nossa política inter nacional, por um dos nossos mais- distintos funcionários consulares: o/Dr. Veiga Simões.

Mas é oportuno lembrar aos governos de Portugal que a derrota da Alemanha teve como consequência a inutilização do triângulo económico: Rio de Janeiro, Loanda, Hamburgo, com este vértico de distribuição significando o nosso aniquilamento económico.

E é ainda ocasião de ponderar que, se este triângulo não for substituído por ôste outro representativo do bloco de interesses luso-brasileiros: Rio de Janeiro-Loanda-Lisboa, não tardará que a Espanha, para isso trabalhando incansáArel-mente há muito, busque fazer substituir Hamburgo por Cadiz com evidente prejuízo de Lisboa, que a anunciada ligação New-York-Vigo ameaça como porto comercial.

O problema das relações luso-brasilei-ras é vasto e delicado, demanda estudo e cuidado e sobretudo uma base do política económica que já nas rasgadas previsões de Mariano de Carvalho era considerada imprescíndivel.

Todos os seus aspectos .porém são subsidiários da navegação portuguesa para o Brasil.

A guerra veio colocar-nos em condições de realizarmos esse velho e justíssimo desideratum. Já podemos portanto pensar, .pensar a sério e imediatamente em retomar a nossa situação nos mercados brasileiros, ampliando cada vez- mais a nossa acção económica. Temos pela frente competidores potentes.

A Espanha* está preocupada cada vez mais com uma,.vasta obra de assistência e de cultura em benefício da sua colónia e durante a guerra procurou por todos os meios substituir com os seus produtos os nossos que.a falta de navegação e as necessidades da. guerra desviaram dos seus mercados normais.

A Itália não descansa também em obra idêntica e uma • estatístidti recente dá à emigração italiana o número mais avultado nos milhões de estrangeiros que se fixaram no Brasil nos últimos cem anos.

Por seu lado a América do Norte prepara-se para na divisão do mundo em duas grandes esferas de acção económica incluir as repúblicas sul-americanas, de acordo com a Inglaterra, no seu âmbito de acção.

Apesar de tudo é ainda tempo — e quem sabe se a última hora propícia — de agir eficazmente.

A hora que p a ás a é de interesses em luta.

Ternos que pôr os nossos na balança económica do mundo juntos com. os do nosso natural aliado que é o Brasil.

Com a resolução do problema comercial luso-brasileiro virá a do problema intelectual e a do problema emigratório.

& Bases para uma convenção comercial? Inclui .o Tratado de Paz princípios que, impostos ao vencido, uãu podem deixar de ser defendidos 'pelos vencedores entre si. Tem que estudar-se e pôr-se em prática uni tratado de emigração porque, se a que actualmente vai daqui para o Brasil conforme se está fazendo não é vantajosa para Portugal, também o Brasil dela- não pode tirar as utilidades que em outras por vezos encontra.

Já os jornais noticiaram a chegada ao Brasil dum vapor sueco com carregamento completo de mercadorias alemãs. Alguns milhões de alemães se preparam para a sua fixação no sul do Brasil.

éE nós?

Ignoro o que pensa o Governo pelo que diz respeito a aproveitar-se este momento como único para tentar com o Brasil uma 'aproximação económica, acordo comercial, tratado ou quer que seja. Seja como for, porém, as minhas considerações têm apenas por fim dizer-lhe que há no Tratado de Paz princípios sobre marcas regionais^ zonas francas, preferências de tarifas e fretes, propriedade literária e artística que bem convirá qua sejam estudados para futuros acordos internacionais a realizar e que não sejam esquecidos em um momento excepcional para a intensificação da nossa política comercial com o Brasil.