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Com efeito, o jornal inglês lhe Times, no seu Portugal at War : 1916-1917, refere-se nos seguintes termos à situação em que . nos encontrávamos :

«Para' se compreender a parto que Portugal tomou na guerra ó necessário recordar que estava empenhado em três fronts : na sua própria casa, em África o em França. As suas primeiras batalhas tiveram lugar em 1914, 1915 e 1916, e quando se intensificou a preparação do seu exército. Estas tiveram lugar dentro do próprio país»..

Razão tinha ou para, na evocação que fiz dos combatentes de França e África, juntar também aqueles que aqui morreram vítimas da mesma grande causa.

Eu não qufcro, Sr. Presidente, alongar em demasia as minhas considerações, abusando da paciência da Câmara, que por certo me acompanhou nestas palavras. Entendi que era absolutamente necessário quo no Parlamento Portiignô* nlgnfim falasse sobre aqueles pontos fundamentais e que poderão fornecer elementos para, duma maneira criteriosa, ser feita a história imparcial da nossa intervenção na guerra. Muito só poderia dizer sobre o assunto mas, não querendo exagerar o meu discurso vou entrar na matéria.

Procurando honrar o meu mandato e desempenhar o melhor possível a minha função parlamentar, tentei fazer um longo c desenvolvido"estudo do tratado de Paz, andando em busca do maior número de elementos que me habilitassem a fazer uma idea sóbria e completa de tam importante diploma.

Eu bem sei, Sr. Presidente, que a('nos-sa função se limita a aprovar ou rejeitar o Tratado, pois alteração alguma nos é lícito introduzir-lhe. Em todos os Parlamentos a que já fpi presente o Tratado, os relatores dos diversos pareceres fri-zaram não terem eles na sua elaboração a mínima responsabilidade.

E assim por exemplo Louis Barthou, relator v geral do Tratado, na Câmara Francesa diz logo no inicio do seu relatório :

«O Parlamento oncontra-se ein presença dum facto consumado a que foi corn-pletamente estranho».

Diário da Câmara dos Deputados

«Mutatis mutandi» eu direi também como Barthou: •

«... só o futuro demonstrasse a insuficiência de certas garantias e se Portugal corresse novos perigos, o Parlamento teria o direito de dizer que conheceu as negociações somente pelos seus resultados e no próprio momento da ratificação do Tratado de Paz».

Mas isto não quer dizer que o Parlamento deva votar o Tratado de Paz sem sobre ele fazer incidir a mínima discussão. Antes pelo contrário, pois a meu ver há toda a vantagem em sobro Cio abrir largo debate que nos permita formar um juízo concreto sobre as disposições que encerra. Com efeito, quem acompanhou a discussão feita nos parlamentos estrangeiros sabe que, não obstante aquelas declarações, os seus membros não só dispensaram de o analisar dotalhadamcnte, com o fim de definir o modus vivendi internacional futuro o concretizar a lei em. qnfi os povos vão actualmente viver. Bem sei que na Inglaterra e na Bélgica o Tratado foi rapidamente aprovado; tal não nos deve surpreender pois de facto foram essas as nações menos prejudicadas nas clausulas fixadas.

Mas o que se está passando na América e o que só deu na França por outras normas foi regulado.

E seja-nie permitido falar em especial na França, país que mais ou menos sem-' pró temos seguido, cuja evolução nos é mais íácil acompanhar e cuja maneira de ser nos habituámos, por analogias do caracteres, a melhor sentir.