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Sessão de 31 de Março de 1920

A Alemanha procurou, com efeito, por todos as fornias e processos, activar, fomentar e desenvolver as discórdias internas nos países seus inimigos, com o fim de diminuir não só a potência militar que «Ias poderiam pôr em acção, mas também a força moral, factor este de primacial importância.

Todos se recordam do quo se passou na Irlauda, om que a questão do liome-rule, aumenta de agudeza; no Egipto, na Itália, na Grécia, na França, onde lançou inutilmente mão de todos os processos quo nos ostão agora sendo revelados pelos inúmeros affaires de alta traição, na própria América, onde foi preciso uma tenaz política interna para vencer a corrente aliadoíila, etc.

Não podia Portugal escapar, e infelizmente entre nós os seus esforços tiveram um período de pleno êxito. Aí está o si-donismo a atestar esta verdade; Cio foi fundamentalmente unia concepção de autêntico cunho alemão. Basta analisar o que se passou em Portugal durante a di-tadura, sidouista e quais as figuras do destaque que nela cooperaram com maior evidôucia; indivíduos cujos nomes não quero pronunciar, para não envenenar a minha boca, são os sustentáculos da situação ; alguns deles citados até pela polícia internacional como agentes reconhecidos da Alemanha, chegaram, para cúmulo de vergonha nossa, a. sor representantes da Nação, e nesta mesma casa se sentaram como membros duma pseudo soberania nacional. Em França teriam sido amarrados ziopoteau de Vincenues, como Bolos vulgares.

Foram Gles os autores desse miserável papel conhecido pelo «rol de deshonra», e que ainda gozam, e por certo gozarão senipro, para v.xxamo nosso, da Pátria o da Kepública, duma inexplicável impunidade. Norton de Matos havia-os expulso do país, pena esta mínima, filha da permanente generosidade do espírito republicano ; Sidónio abria-lhes do par em par as portas da fronteira o, cobrindo-os do louros, trouxo-os até aqui. Oh !. . . vil afronta quo traiçoeiramente atingiu todos os bons portugueses, todos t os patriotas quo em terras do França e África davam o melhor do seu esforço, o molhor das suas vidas para o engrandecimento desta nossa querida Pátria!. ..

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Sr. Presidente: falo com indignação e revolta desse documento, pelo que de sentimentos baixos e de traição revela. Figurou nele o meu nome e só me Honro por ter assim acamaradado com os mais prestigiosos oficiais do nosso exército. Mas jamais perdoarei a quem numa hora tam grave para a nossa nacionalidade denota intuitos mesquinhos de tam incomensurável aiiti-patriotismo.

Nunca tive vaidades de herói; nunca o fui. Mas porque tenho a consciência forte o tranquila, por sempre tor cumprido com firmeza os meus deveres, dando o máximo do meu trabalho, da minha inteligência o da minha vontade para o triunfo da sagrada honra por que nos batemos, tenho a obrigação do querer,, direi mesmo do oxigir, a todos os meus compatriotas aquela consideração e estima a qu/- me julgo com indiscutível direito, não deixando passar om julgado factos que todos nós devemos honradamente conde-' nar.

Não fui dos que sofreram os horrores das trincheiras; se lá não permaneci foi porque, pola minha especialidade dentro dos vários serviços do exército, as missões de que fui encarregado oram. as que pertenciam à minha função do oficial de engenharia. Alêni disto, a minha longa permanência em França durante vinte e oito meses seguidos, após onze do África, aumentam a autoridade moral indiscutível que tenho para rne referir com implacável violência aos deploráveis acontecimentos que citei.

Em outro qualquer país já se teria procurado fazer justiça, procurando averiguar as causas e razfes de tais factos e incriminar detalhadamente o procedimento daquelas criaturas que, esquecendo ingratamente a sua Pátria, faziam, sem rebuço, o jogo da Alemanha, lançando sobre nós a descrença, o desânimo e talvez mosnio o ódio.

E, ao passo que isto se passava entre nós, oram por vezes os de fora que nos apreciavam com verdade.