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Diário da Câmara dos Deputados

Vários casos podia citar à Câmara, mas apenas me refiro a um que muito em especial nos diz respeito e que como já anunciei, me 'proponho tratar desenvolvi-damente logo que, se dignem fornecor-nie os documentos ~que pedi.

É a célebre questão a que deu origem o inesperado artigo publicado no Tcmps, de 6 do Junho de 1919, intitulado «Itália e Angola — Pacto do Londres», o no qual pelo não cumprimento pela parte da França e da Inglaterra para com a Itália das cláusulas aceites o firmadas naquele pacto para a entrada da Itália na guerra ao lado dos aliados, só alvitra (sejamos diplomatas no tormo") à Itália contontar-sc com compensações dadas à nossa custa na província de Angola, invocando razões a que nós devemos opor o mais formidável protesto, pois que, além de tudo o mais, são duma incontestável falsidade.

Como .processo, não carece de comentários, e, como sintoma, constitui itm aviso para nós todos, para os nossos Governos Q em especiai para a diplomacia, cujo modo de atuar continua sendo o mesmo de outrora, aviso de que devemos estar permanentemente alerta.

Fiz monção, apenas muito ao de leve, deste incidente para corroborai1 as minhas considerações anteriores o para patrióti-cáuiente chamar a atenção dos portugueses, iusisímuo peia sua estrita união numa imediata necessidade de defesa própria.

Eu bem sei que, no caso que apontei, os desmentidos diplomáticos se não fizeram demorar, mas não nos iludamos, continuando a dormir tranquilamente e con-vençomo-nos que mau ó que os apetites se agucem, pois denunciam desejos de comer.

Oxalá ou tivesse conseguido despertar sobre este ponto, da mais alta importância,, pelo menos a atenção dos que me escutam e que todos, sem excepção/ pondo--se em campo, piocurem obter o maior número de dados seguros que nos habilitem a escolhe.i os meios necessários, para o'insucesso completo daquelas ilegítimas pretensões.

Aliás, Sr. Presidente, os que resolveram, dos nossos destinos primaram sempre em se defender das justas coutas que os povos lhes podiam exigir pela forma como conduziram as várias démarcheSj tendo o cuidado de nos fundar as bases

cobre que deveria assentar o julgcirnento a que tínhamos o direito de os sujeitar. Frequentes vezes na Câmara Francesa oradores de todos os lados instaram para que lhes fossem prestados esclarecimentos sobro a íorma como tinham decorrido as negociações da paz; objecções de variada natureza foram apresentadas tendentes a provar a impossibilidade de julgar do valor do Tratado, som um conhecimento perfeito de tucío que só havia passado. Violentos foram inúmeras vezes os parlamentares franceses que debateram estes pontos capitais, opor pelo próprio Clomenceau (depois do muito instado) ter sido declarado quo tudo tinha girado oin torno de simples conversações.

Permita-me a Câmara que para atestar estas minhas afirmações, eu leia as palavras que Loiiis Marin. da eníente republicana democrática, proferiu no seu discurso de 23 de Hetembro :

«Eu vos pregimtb, como o já havia feito Mr. A iio-jip-iiPiir. só vprdndpirmrtprttp

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fés de Estado que têm de julgar a sorío dos 'povos, podem conlentar-se com simples conversações sem processos ver-

E fazendo inn a crítica tam insta qnmito tenaz à orientação seguida, acrescentava :

«Eis corno a sorte do mundo, depois das lutas gigantescas que as nações ganharam com o preço do seu sangue, pode j ser corno outrora, regulada por algumas personalidades, isolando-se sem- controle, sem conselho, sem responsabilidade, sem processos verbais que permitam a todos julgar e aos Parlamentos tornar-lhes sinceramente as suas responsabilidades».

A própria'comissão relatora do Tratado da Paz ficou privada dos processos verbais que havia solicitado para o estudo o elaboração do seu parecer.

Wilson, respondendo a um despacho de CJemencoau, em que Cste lho preguntava se podia comunicar à ('omissão da Paz, sob a furma do processos verbais o que se havia passado durante as respectivas negociações, disse :