O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 31 de Março dt

Tudo isto so deve ao grande estadista, talvez, mas grande infeliz também em matéria política, que foi o autor 'dos 14 pontos, dos quais derivam todas as nossas infelicidades, bem como as infelicidu-des das nações pequenas.

Em nenhum dos 14 pontos de Wilson se estabelecia a indemnização paga pelos "vencidos das despesas da guerra, e daí resultou que Portugal, tendo ido para a guerra com um orçamento deficitário e com as suas finanças comprometidas por longos unos do má administração, 'não podia deixar AG contar com as indemnizações de guerra que de entrada se esperava logicamente viessem.

Desta falta de compreensão, ou talvez deste propósito de Wilson, todas as nações que entraram na guerra se arruinaram, à excepção dos Estados Unidos e da Inglaterra, esta última tendo ficado com o quinhão de leão na partilha das colónias alemãs. Isto quere dizer: Portugal foi para a guerra para satisfazer os seus compromissos com a sua velha aliada a Inglaterra, tendo a convicção de que desta forma mantinha a sua integridade colonial, e o resultado que daí lhe adveio foi ficar muito mais arruinado do que estava, e só problemáticamente salvou a integridade das suas colónias. E digo problemáticamente porque, na doutrina do Tratado,' são estabelecidos os mandatos coloniais, isto é, as principais potências não só ficaram e hão-de ficar com a parte de leão, mas também se reservam para si, para um conselho executivo que elas próprias fixam no Tratado e elegem, com sacrifício daquelas que mais se sujeitaram e perderam na guerra, nm mandato ' sobre as colónias do inimigo e "talvez, porventura, sobre algumas outras. E assim que V. Ex.a vê Portugal excluído do Conselho Executivo da Liga das Nações, apesar do tor sido dos primeiros combatentes a entrar na guerra, fazendo dôsse Conselho parte o Brasil, a Grécia e a Espanha. Com Portugal ficaram no esquecimento a Sérvia, cujo sacrifício foi até ao esmagamento; a Roménia, que tinha sido forçada a assinar n m tratado do paz humilhante imposto pelo inimigo, e o Mon-tenegro.

Sem querer discutir as causas pelas quais Portugal era deixado cair desta maneira, o que ó certo é que houve tempo

37

em que os delegados do nosso País junto da Conferência da Paz eram considerados em pé de igualdade com os de todas as grandes potências. Eefiro-me ao período de 1917, quando eram nossos representantes Afonso Costa e Augusto Soares.

Após o dezembrismo, depois desse malfadado ano de 1918, perdeu toda a sua cotação lá "fora e logo em 1919, quando se voltou à normalidade, quando deixámos de pela Europa ser apodados de ger-manófilos e acusados" de nos entregarmos à campanha derrotista, os nossos delegados encontraram em Paris e Londres um ambiente inteiramente diferente daquele que tinham deixado antes do 5 de Dezembro. Nestas circunstâncias, além da ganância das grandes potências, da obra nefasta de Wilson e dos seus meríficos 14 pontos, ainda ficaram sobrecarregando Portugal os resultados da política auti-pa-triótica do dezembrismo, c, assim, tendo ido para a guerra para nos defendermos do certos perigos que ameaçavam não só a autonomia do nosso império colonial, mas até a do continente, nós vemos que a seguir à assinatura do Tratado da Paz todos os perigos se mantêm, tendo eu mesmo informações seguras do que, quando so pensou em estabelecer os mandatos das colónias, houve o intuito de os determinar não só para as colónias do inimigo, mas ao mesmo tempo para as colónias portuguesas.

Faço esta afirmação com tanta mais segurança quanto é certo que — repito — tenho informações garantidas a este respeito.

• Havia designadamente da parte dos elementos, da União Sul Africana e das colónias autónomas da África Central o do Sul a máxima pressão para que as colónias portuguesas de África ficassom num regime de mandato qno abrangia também as colónias alemãs, e foi precisa a acção -enérgica do Sr. Afonso Costa, nosso representante na Conferência da Paz, para que Osse mandato não fosse dado à Sociedade das Nações, como nos pretendiam impor.