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Sessão de 23 de Abril de 1920

tre nós sucedeu, a $58 e $40, ao mesmo tempo que a lavoura nacional era obrigada a entregar a sua produção, dentro das tabelas oficiais, a preços bem mais insignificantes. Isto é, os que trabalham cá dentro são enteados, em relação aos que trabalham lá. fora.

Estudemos o assunto, Sr. Presidente, porque todo o dinheiro que entregamos à lavoura ó um dinheiro de que o Estado beneficia pelo desenvolvimento da cultura das terras, pela valorização da propriedade, pelos impostos directos e pelos impostos indirectos, e, além disso, nós já vimos através da guerra quais foram os sacrifícios e as horas trágicas que sofremos quando dum momento podíamos ser bloqueados em relação aos alimentos de primeira necessidade. (Apoiados). E nós, Sr. Ministro da Agricultura, escusamos de olhar exclusivamente para as nossas colónias. É necessário que olhemos para elas, sim; mas, apesar de não sor especialista na matéria, estou com medo de ver a orientação que os nossos coloniais lhes querem dar em referência à economia do país.

Eu sou dos. que admitem — e é necessário que todos o admitamos—-o princípio do qua as colónias hão-de um dia impor a sua emancipação à metrópole. Será daqui a cinquenta anos, a cem, a duzentos ? Seja como for, é realmente um princípio de colonização levar as colónias à sua completa independência, mas é também indispensável que se estabeleçam estreitas relações económicas entre elas e a metrópole, de modo a se darem reciprocamente aquilo que não produzem.

E por tudo isto que eu tenho receio de que os sindicatos da moagprn, organizados em poderosas companhias, lançando--se desenfreadamente na cultura dos trigos lá fora, levem o País à completa ruína, à impossibilidade de cá dentro se cultivar um só bago de trigo, e eu sou também daqueies que têm a convicção de que sendo o pão um alimento indispensável à nutrição de toda a gente, deve ser produzido no País onde se vive. (Apoiados).

Não podemos ter a veleidade de ser um Pais exportador de trigos; no cm-tanto, entrando em.consideração com a nossa história económica, já tivemos uma tradição do país exportador dôsso cereal. Já

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em 1836, o até 1854, as estatisticas oficiais mostram que produzíamos o trigo necessário para o nosso consumo e que ainda fazíamos unia exportação cujo valor orçava por uns 300 contos. Isto já era demonstrativo ; e hoje então, que todos os processos de cultura estão extraordinariamente aperfeiçoados; hoje, que existem nos Estados Unidos terras que estão produzindo trigo há sessenta anos continuados, ó necessário que não nos preocupemos demasiadamente em afirmar que as nossas terras não são aptas para dar trigo.

Eu quero, Sr. Presidente, o regime do equilíbrio das culturas, que o País, dividido em diferentes zonas agrícolas, se desenvolva, pelo mínimo esforço e pelo máximo de intensificação da cultura, em relação àquilo que- pode produzir com mais interesse e com menos trabalho, mas daí a afirmar a bancarrota da agricultura nacional, sob o ponto de vista da cultura do trigo, a distância é espantosa.

Há trusts, cujos .capitais circulam por toda a parte, que um dia podem tornar esta terra num verdadeiro deserto, numa cam-pleta miséria, em benefício desses trusts.

Vamos tratar da questão máxima.

Devemos fazer agora uma discussão larga sobre o assunto.

È preciso ver se as nossas relações comerciais se traduzem na nossa vida- económica, e- dentro dela erguer a nossa vida portuguesa, porque assim encontramos cá dentro os elementos indispensáveis para uma'vida nova.

Escusamos de estar a olhar para o que se faz lá fora, que ó muitíssimo diferente que em Portugal.

Vamos agitar a questão agrária. Façamos deste país alguma cousa de grande, embora sejam uns mais avançados que outros. Mas Portugal, que tem 6 milhões de habitantes, tem uma superfície espantosa, capaz' de produzir para 15 milhões.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

Antes de se encerrar a sessão