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Diário da Câmara do$ Deputado*

O Sr. Queiroz Vaz Guedes: — Não era

necessária a iatimativá formal do Sr. Nuno Simões para que eu repetisse uma por uma as palavras que na sessão da tarde pronunciei sobre o assunto, porque — fiqire-o S. Ex.a sabendo — eu preso tanto a dignidade alheia como a minha própria. O convite, porém, em forma de ameaça, não o aceito.

S. Ex.a fez bem em dizer que eu lhe afirmara haver referências à sua pessoa; disse a verdade/

Não se trata duma questão trazida por mim ao Parlamento. Ainda ontem pedi a alguôm que iôsse à comissão de inquérito antes de me convidar a fazer declarações do que lá houvesse e se apreciasse bem a oportunidade das minhas declarações.

O Sr. Júlio Martins (interrompendo): — Naturalmente, S. Ex.a quere fazer referência a uma conversa' particular, à qual não aludi quando esta tarde usei da palavra.

Tendo-se feito a afirmação de que havia Deputados envolvidos nos escândalos da moagem, eu disse a S. Ex.a qne tinha de levantar a. questão no Parlamento'para não recaírem suspeições vagas sobre os seus membros.

Convidou-me então S. Ex.a a ir juntamente com o Sr. Cunha Liai ao Ministério dos Abastecimentos, a, fim de se examinar o processo e verificar se, por.ven tura, havia gravidade de tal natureza qua aconselhasse a necessidade de se pedir a constituição dum alto tribunal.

Eespondi a S. Ex.a que não ia a essa comissão, e acrescentei que, desde que S. Ex,a tinha trazido a questão ao Parlamento, S. Ex.a é que a havia «de defender.

Eu é que não queria averiguar particularmente da interferência de membros do Parlamento em qualquer negócio da moagem ou outro para porventura se não tirarem ilações diversas.

Estivesse lá quem estivesse, estivesse lá meu pai, de quem bastante, saudade tenho por ter sido sempre um homem honrado e honesto, e qae me ensinou os princípios da sua honestidade e' da sua, honradez.

A comissão, que tinha funções de julgar, que fizesse cair sobre .os culpados a sanção penal. S. Ex.% desde

a suspeição sobre membros do Parlamento, tinha o imprescindível dever de trazer aqui provas completas.

Estamos ato hoje nestas circunstâncias; é que se esta questão não fosse levantada como foi, sobre o Parlamento da Repúr blica caíam gravíssimas suspeitas, visto que havia uma comissão de inquérito que não procedia à.acareação dos acusados e que não tinha a coragem de vir ao Parlamento trazer as provas acusatórias dos culpados.

Á responsabilidade aos Deputados incriminados há-de ser .exigida, sejam eles quem forem.

O Orador: — Por consequência não fui eu quem trouxe a questão ao Parlamento.

Quanto à afirmação feita pelo Sr. Júlio Martins do que a comissão de inquérito não procedo à acareação dos Deputados,* é menos verdadeira. Se S. Ex.a quere ser o juiz da oportunidade, dê mandado de despejo à comissão.

O Sr. Júlio Martins : — Mas entSo não viesse lançar suspeitas sobre 'os membros do Parlamento.

O Orador: — V. Ex.a está fora de toda a verdade.

Interrupções do Sr. Júlio Martins.

^V. Ex.K quere í&lar em meu lugar? Fale; eu £edó-lho, Fale V, Ex.a, que parece querer ser dono do Parlamento para mandar. Mandei Assim parece.

o

O Sr. Júlio Martins: —V. Ex.a é que me autorizou a interrompê-lo. Não quero ordens de V. Ex.a nem de ninguém.

O Orador: — Nós todos temos iguais direitos. Agora sou eu que falo. (Apoiados). V..Ex.a ouve a e eu con-tinuo.

Repito, sou eu quem fala.

O Sr. Presidente: — Peço a V. Ex.a se dirija à presidência para evitar interrupções.