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O Sr. Nuno Simões : — Sr. Presidente: felizmente para o Sr. Vaz Guedes, para mim e para o Paris monto, pelas declarações que acabo de ouvir, vejo que não passam do campo das insinuações as re-íerências ao meu nome.

Sr. Presidente: do todo o longo relato do Sr. Vaz Guedes só uma cousa se conclui contra mim: que tratei junto dum Ministro de demonstrar-lhe que ele errara com determinado acto que praticou. Porque dos nomes a que o Sr. Vaz Guedes se referiu conheço apenas os Deputados acusados e o Ministro acusador. Não conheço nem nenhumas relações tive nunca com o acusador do Ministro. E este, que é um político de nomeada, se não tem sido chamado a justificar-se das acusações que lhe -fizeram, teria calado o meu crime de o haver procurado para manter junto dele um ponto de vista jurídico que ainda agora sustento e sobre o qual foi consultada pelo meu acusador a Procuradoria da República e está correndo um recurso no Supremo Tribunal.

De facto encontrei-me com o Sr. Ernesto Navarro, mas não para o ameaçar com campanhas de imprensa, que não tinha, e que quando vier a tê-la, a não se utilizarei para campanhas injustas ou di-famatórias contra quem quer que seja, não a terei também para calar a crítica justa e imparcial da incompetência dos dirigentes, por vezes bein mais prejudicial para o país do que a sua falta de zôlo administrativo.

Encontrei-me com o Sr. Ernesto Navarro, mas, felizmente para a República, para o Parlamento e para mim, nunca falei sozinho com S. Ex.a

Quis um feliz, acaso que o fizesse sempre diante de parlamentares dignos de respeito, alguns ocupando até as mais altas situações na República e com cujo testemunho o Sr. Ernesto Navarro não pode deixar de contar para o final apuramento da verdade.

Não falei ao Sr. Ernesto Navarro em* nada que não fosse digno de tratar-se com o mais honrado Ministro da República. O Sr. Navarro errou. Limitei-me a demonstrar-lho com a lei na mão.' Se me excedesse nas minhas palavras e faltasse à cortesia que lhe devia, a obrigação dele era ter-me posto fora.

Diário da Câmara dos Deputados

Se assim não procedeu, como Ministro e como homem, é porque a minha atitude de aviso ou de reparo o não merecia.

Julgo-me no direito de honradamente tratar Junto dos Ministros do meu país de todas as questões de administração pública em que haja interesses legítimos em jogo.

Apareçam os princípios de direito ou de moral que mo proíbam. Venha a primeira prova de que alguma vez tratasse dalgum caso que não fosse legal e legítimo.

Por certo o Sr. Ernestro Navarro há-de invocar o testemunho das personalidades que junto de mim estiveram no momento em que com S. Ex.a discuti o ponto de direito — e só isso — não podendo sequer dizer que; o fiz como advogado, visto que apenas conversei com S. Ex.a e em nenhum documento ou conversa invoquei essa qualidade.

Seja, porém, como for, tam sereno eu estava quando o Sr. Vaz Guedes me avisou, pela primeira vez, e ontem, ao ouvir dizer^quem era o meu acusador, como agora ao escutar o relato feito pelo Sr, Presidente da comissão de inquérito, relato de factos que eu desconhecia, e referindo se a algumas pessoas que também não conheço, e que não podem dizer que me conhecem. Essa serenidade manda dizer que'ío Sr. Vaz Guedes que, acima de todas as qualidades que há pouco enumerei, é também homem 'de leis, muito mal avisado andou quando, convencido, como declarou, de que se tratava de insinuações merecedoras do seu desprêso, veio envolver o meu nome em questões, em campanhas, em coisas, como S. Ex.a disse, que poderiam, de facto, afectar a honra do Parlamento e até a minha honorabilidade pessoal.