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Susto de S8 de Abril de 1920

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de inquérito ao Ministério dos Abastecimentos, veio para aqui denunciar actos, que podem emporcalhar, emquanto não forem esclarecidas essas suspeições, a honra de vários indivíduos que têm assento nesta casa.

Se, pelo mesmo processo, eu quiser amanhã desfazer-me politicamente do Sr. Álvaro de Castro, ou do Sr. António Maria da Silva, ou do Sr. Brito Camacho, pago o dois ou trôs moços de esquina para irem perante a comissão parlamentar de inquérito, produzir idênticas afirmações àquelas que outros moços de fretes fizeram a respeito de criaturas que nem por serem mais humildes do que elas são menos honradas e menos honestas.

i Como S. Ex.as sofreriam então horrivelmente a dor de verem o seu nome abocanhado por indivíduos sem escrúpulos e sentiriam bem viva a revolta dos seus sentimentos feridos naquilo que eles têm de mais sagrado!

Mas ai, Sr. Presidente! do nome que tem a infelicidade de ser um dia salpicado pela lama vil da .calúnia.

A mancha é difícil de tirar, nias eu por mim juro que não sairei daqui sem que ela seja lavada e bem lavada.

j»Sem dúvida o Sr. Vaz Quedas exorbitou £ Se S. Ex.a tinha razões para mandar para os tribunais as criaturas cujos nomes citou, porque o não fez?

^Porque preferiu S. Ex.a vir a esta Câmara fazer acusações vagas, insinuações injustificáveis?

O procedimento do Sr. Queiroz .Vaz Guedes é verdadeiramente inqualificável. É preciso, porém, que esta questão se liquide, ou amarrando o Sr. Vaz Guedes para todo o sempre ao pelourinho das tremendas responsabilidades das suas insinuações, ou expulsando desta Câmara os acusadop de prevaricação, se prevaricação houve, mas procedendo de forma a que o caso fique na memória de todos para exemplo daqueles que amanhã tentem porventura, lançar sobre a honorabilidade alheia um labéu de infâmia, ou uma calúnia vil.

Não mo venham entretanto com habilidades jurídicas.

Em questões de honra não há direito. O mal que o Sr* Vaz Guedes fez, já o n£io pode S. Ex.n remediar,,

Oito w^ exemlo o nome do Sr» Antó-

nio Maria da Silva, que, sendo um homem intransigentemente honesto, um homem que quando foi para a cadeia mandado pelo despotismo, não tinha talvez dinheiro para pagar a cama do hospital, foi uma vítima de calúnias, porque os jornais se fizerain eco dessa calúnias.

Embora sem fundamento, houve hoje um homem que citou os nossos nomes.

Não!

A Câmara tem de pronunciar-se entre nós e o Sr. Vaz Guedes, tem de dizer só S. Ex.a cometeu, não digo uni crimo, mas uma falta ao mais sagrado dos deveres para com a República, porque S. Ex.a colocou-se ao lado dos inimigos dft República que sempre a têm procurado emporcalhar e anavalhar.

S. Ex.a tentou hoje desprestigiar os homens que em defesa da República tem exposto a sua vida.

Quem íalou hoje aqui, quem lançou suspeitas sobre membros do Parlamento; não foi o partidário do Partido Republicano Português, foi sim o partidário do Simão Laboreiro ou do Fernando de Sousa.

Mas se me vier um juiz do alto da sil& jurisprudência embrulhar a minha honra, em papéis de direito, eu não o consenti-

rei.

A Câmara é que há-de dizer se há ou não uma acusação de facto, feita pelo presidente da comissão de inquérito.

A Câmara tem de dizer com aquela serenidade augusta da justiça, se o Sr. Queiroz Vaz Guedes procedeu mal contra- a República, procedeu mal contra, a consciência colectiva da Câmara.

O discurso será publicado na Íntegra^ revisto pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquiyrájicas que lhe foram enviadas.

O Sr. Queirqg Vaz Guedes (para explicações) :—Sr, Presidente; mais nmti vez sou chamado a responder pelo acto pratiquei.

Continua a haver confusão esquilo que se afirma a meu respeito.

Continua a haver o.nnfusEo sobro os actos praticados pela comissão de inquérito. '